quinta-feira, 8 de abril de 2010

Frémito de tudo

1.
Estou em tempo de ansiedade. Muito trabalho sobre os ombros. Responsabilidade redobrada. Não pouca expectativa sobre o levantamento do contingente cultural. Saber quem (não) vive da economia da cultura. Gizar se a cultural, na amplitude da Nação, ajuda a sobreviver, a viver e mesmo a sustentar o PIB nacional. Identificá-la, não só pelas evidências, mas pelas percepções. Classificá-la, catalogá-la e indexá-la a uma estratégia económica. O frémito da cultura, pela sua materialidade e sua imaterialidade. Pela sua dissidência à matriz da "hard economy", pelo seu desvio, mesmo ao padrão, do que lhe impõe a estatística. Aplica-se-lhe o método SWOT? Qual o seu diagnóstico estratégico afinal? E a experiência dos outros, bem como um know-how já testado, em quanto nos seria valência? Ansiedade, que não desmotiva o trabalho, entretanto.

2.
Em Brasília, participarei de um evento no Instituto Camões/Centro Cultural Português, promovido pela Embaixada de Cabo Verde. Aceitei o prazer de lançar "Li Cores & Ad Vinhos", livro de poemas que publiquei em 2009, ao lado do "Marcos Cronológicos da Cidade Velha" do Historiador (e Embaixador) Daniel Pereira. De permeio, fazer três palestras - uma em Brasília e duas em São Paulo (mais precisamente na Universidade de São Paulo, onde também lançarei o livro) - sobre a literatura contemporânea de Cabo Verde, pelas mãos da Professora Doutora Simone Caputo Gomes.

3.
Já não tenho idade para contar o que me vai na alma. Às tantas, depois de tanto ler Pessoa, aprende-se que é bom (por bom agoiro, pelo menos) saber guardar "esse segredo que raras deusas têm escutado". Na ledice dos olimpos, fará este menor que já chamaria de parvónio, mas que de sua então "enjoada pátria" Eça de Queirós vaticinaria preciso "acordar o porco", é bom que as coisas mais íntimas continuem íntimas, sublimes, profundas...cheias de crença!

4.
Casimiro de Pina, colunista de serviço, a soldo de obscuros patrões, faz um texto em que, de entre vários mimos, me doura com "intelectual orgânico". Olhe que não, meu rapaz. Escrevo as coisas por convicção e moto próprio, por nelas acreditar e para expressar a minha cidadania que deus nenhum da flanaria há de calar. Está aqui a confundir uma relação causal, pois o meu texto não pede licença a ninguém, mas sim (sem arrogância alguma) impõe sentido (inclusive cívico) pela sua razão. Essa sua análise confusa, destoada, plagiada e hilariante do liberalismo, do socialismo, do marxismo e companhia, se é de análise em senso estrito, porque se exala a um grande disparate, é uma caixa tão  quadrada que não me retrata. Os seus patrões (que os tem), uma corja de inocente úteis, mas armados em mauzinhos em horas minguadas, lhe ensinaram mal. Faça, pois, um esforço para se elevar no debate das ideias (veja a fineza com que Péricles Barros, por exemplo, me faz o contraponto), pois deste lado ninguém vai se chafurdar na lama de tão franciscana ignorância (e sinecura) onde o meu rapaz chafurda...

5.
Vinícius, entretanto. Em tudo ao meu amor serei atento...

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