quarta-feira, 21 de abril de 2010

Edith Piaff nos telhados de Ouro Preto


Ainda dormitas. E sonhas com helicópteros ruidosos chegando a Ouro Preto. O bulício ancestral que a cidade guardava já não se resguarda em dia de feriado. O amanhecer inconfidente e pátrio, entre o barroco que dizes continuar e o Presidente Lula que não vem desta feita à cerimónia do passado, te faz sonhar ainda mais. Olho-te, pelo retrovisor do monitor azulado. Uma deusa, que és adormecida - azulada e suspirada, na pura altivez do sono -, com os teus sonhos de helicópteros e, de repente, sirenes, quando não tantos e renitentes sinos das múltiplas igrejas. Como amo gente tão criativa. Ainda ontem, em Lavras Novas, onde tua metáfora se esconde, falávamos dos Ad Vinhos – meus licores e teu amigo Admilson. Mas o amanho de um homem se passar, de apanhar mesmo pela rama qualquer um, era o tal boteco Batatas Freitas. Eu te mastigaria, ó palavra. Eu te comeria, ó nome da rosa. Com salada, picles e molho tártaro. Ontem ainda, era o show de Geraldo Pessoa. A música “Sentado na varanda pra ver Minas acordar” e uma borboleta na dança de ventre. Nesse corpo à volta do lúdico, queria me perder em ti e pelos caminhos do vento. Bichinha? Não, fruta. Sabes o nome da rosa? Leste aquele livro de Umberto Eco? E, nesta manhã, em verdade todas as manhãs são futuros desenhados, em que se canta a Inconfidência Mineira e tu dormitas (será que flutuas?), o solzinho que perfura e entra pelo quarto de Niemayer. Ainda dormitas e esse solzinho te namora os pezinhos de princesa. Com ansioso olhar de um lobo-guará, olhar-te muito. Para sempre. Muitíssimo. Em toda a longitude. Ouvindo o maquinar ruidoso dos helicópteros que sonhas...


in Tô arrumando os trem & essa fruta tá de quanto

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