quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ventania

balint zsako


Quando venta


Venta em Cabo Verde. Às vezes, com o pó de terra. Outras vezes, com o friozinho da boca-da-noite. Quando venta, lembro-me do conto “Noite de Vento”, de António Aurélio Gonçalves, prosa crioula insuperável. O vento, na Fonte de Filipe, vem de longe, de terras desconhecidas. Aflora a Assomada de João d´Évora com um rumor de fornalha, crepitando por uma linha de cumeadas. Belíssimo! Venta. Ventania. E alguém me diz que, diante de tamanho apagão, deveríamos pensar na energia eólica a sério, pois esta alimária dependência dos fósseis inibe qualquer pretensão competitiva. Venta e isto me sugere um campeonato de windsurf. Do kitesurf. E isto, bem feito e com parcimónia, já seria economia. Nem sempre economia é hard, podendo no nosso caso ser soft – dos serviços. Do conhecimento. E do entretenimento. Venta em Cabo Verde. E o cata-vento, no cimo desse telhado, me ensina que mudar de rumo (do País, que não há meias-medidas) é sisma de povo heróico…


Suprematura


Dos 33 aos 83… refiro-me obviamente ao STJ. Ou da absoluta inocência à absoluta falta dela, passando pelo pacto partidário a nos impor juízes, e a desvirtuar, uma vez mais, o espírito constitucional que ora reclama, como pão para a boca, urgente revisão. A amplitude etária de 33 a 83, que é do imberbe brio ao caducado relator, é o intervalo com que a nossa Justiça doravante se assenta, estando metade do País a deplorar a promíscua confusão entre o pacto e o conluio. E deste novo arquétipo, cuja desnatura espanta o nosso demónio aquiescido, só nos restará o refrão do hilariante poema de Arménio Vieira – somos animais de capoeira! – vate que reflectirá a zoomórfica sensação diante dos dados lançados. Por que teremos de passar aos nossos deuses tamanho cheque em branco?! Dizer mais que isso não será apanágio de cronista, mas de toda a cidadania deste arquipélago que, a estas horas, deveria ocupar as ruas…


Esse “ntufato”


Tal como um “entremeio de calcinhas” ou um “ciccioto di mezzanote”, assim a imitar o Setebelezas, o Prancinha gozava dos “novos revolucionários”. Os rapazes e as raparigas resolveram, depois de algum espavento, matar-nos o velho. Seria para amanhã. Mas a estória que broxou a História, já que a intenção era mais risível que o siso, fora de o velho estar morto desde ontem. Diante de assaz desprimor que o florilégio da leviandade permite, essa rapaziada resolve, de uma assentada, emigrar-se para o novo território da semântica. Estou hermético? Não se riam, mas, no começo, era o Verbo… (mas só sintaxe, companheiros).

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