segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Soljenitzyne

Soljenitzyne

Em tempos, li "Arquipélago de Gulag", de Alexandre Soljenitzyne, com causa e consequência. Li-o em tenra idade, quando, até nestas paragens, uns eram estalinistas, outros eram trotskistas, faces reversas da mesma barbárie. Li-o, como acto formativo humanístico, para que diante de certas verdades eu permanecesse a dúvida e sob certos caminhos cartesianos eu ficasse desavindo. Ao longo da minha vida, balbuciei citações de Soljenitzyne, não só as tiradas no "Arquipélago de Gulag", mas também nos romances "Um Dia na Vida de Ivan Desissovitch"e "O Primeiro Círculo". Há novos gulags e novos muros de Berlim, outras barbáries e outros infernos. Soljenitzyne, ao sentenciar «a morte tecnológica não será calamidade menor do que a guerra», deixa um grande legado para a Humanidade. Também para estas paragens…ainda. Paz à sua alma…

O Atentado

Li, neste fim-de-semana, "O Atentado", de Yasmina Khadra (pseudónimo do escritor argelino Mohamed Moulessehoul). Comprei-o na livraria Nhô Eugénio, em Achada de Santo António. Há muita coisa boa nessa livraria, diga-se de passagem. "O Atentado" é o escritor, ciente que a vida é um grande poliedro, a se posicionar em todos o lados. O conflito israelo-árabe contado de uma perspectiva mais complexa e humanística. As várias razões e motivações, sob o pano de fundo da guerra, ela própria injusta. A guerra, em caleidoscópio, com os seus terrorismos aos ínfimos detalhes. Há muito tempo um livro não me envolvia de tal forma.

Horário Único

Não quero me aventurar muito numa área que desconheço, mas tenho as minhas reservas sobre o Horário Único, a vigorar no país inteiro, até ao dia 31 de Agosto, data, por sinal, de triste memória. Isso cheira-me a mais uma "importação acrítica" de modelos administrativos que, de modo algum, encaixa na "demanda" produtiva cabo-verdiana. O funcionalismo que, mau grado a reforma e as novas tecnologias, continua pesada, desengonçada e pouco produtiva, não irá funcionar melhor nestes dias de "defeso". O horário compacto, mas com folgas e brechas pelos cafés, bem como fugas domiciliares, não me parece beneficiar ninguém. A não ser aqueles que defendem cumprir a "fase transformacional" estirados (e esturrados, passe a expressão) nas praias de Quebra Canela, Laginha ou Santa Maria, às 3H00 da tarde. Mas, enfim, fico pelo descaso daquele que jura poupar a Res Pública ter os funcionários em casa, longe do telefone, do ar condicionado, da água mineral, da luz e da água, da tinta e do papel do Estado de Cabo Verde. Quem sabe…

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