terça-feira, 5 de agosto de 2008

Escrever tão-somente



Escrever tão-somente

Há momentos em que escrever é como deambular, sem norte e à sorte. Jogar a bússola na falésia e voar no improvável. Escrever tão-somente com ímpeto. Vela ao vento. Cata-vento. Espavento. Escrever, mesmo sem arte. Com o alarde de nada…

Pôr-do-sol

Pôr-do-sol oblíquo, a puxar para o triste. Chegado ao fim dos poemas, sem remorsos, nem estranhos arrependimentos: os dias afinal sempre foram passados. Cores, sons, gostos, sexos, aromas, corpos, estátuas de cera, as coisas foram passando como num filme. Houve beijos em nuvens e acenos em viagens. Encantos e desencantos. Coisas também vis e negligentes, com que se envergonhar, mesmo a só, no corredor da sorte. Baixinho, aqui entre nós, a balbuciar: o sol a pôr-se…

Palavras

As palavras são coisas, (i) matérias que pesam e ocupam o espaço da intenção. As palavras são gestos ou, quando envoltas de metáforas, gestas. Pronunciadas, até se balbuciadas, elas são pessoas que as dizem e que as escutam. Que as pensam no silêncio. Assim, relendo o Génesis, está o verbo no começo de tudo. O Aleph, como nos indica Jorge Luis Borges. Para que, doravante, nada fosse desimaginado…

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