
sábado, 30 de agosto de 2008
Calor

quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Paris

Chega-se a Paris à noite e a Torre Eiffel, agora azulada e com as estrelas da União Europeia, se nos apresenta da vidraça do automóvel. Fala-se da arte em Cabo Verde, por causa da postagem anterior. Em verdade, fala-se da falta dela. Refira-se não à falta-quantidade, mas à carência da sua qualidade. Aliás, nada de complascências: faltará "arte" à Cultura, à Política, à Economia, ao Desporto e à Sociedade. Nelson Évora, Nani, Cesária Évora, Horace Silver, Mayra Andrade, Sara Tavares, Donaldo Macedo e Arménio Vieira, só para citar uns, entre outros, servirão para confirmar a regra.
Pré-orbitário
Pressente-se
Espero-te no Sal
Dos sátiros
Estado da Arte
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Fuligem, riso e vertigem
No gargalo do mar - ali gorjeia:
Ave sem voo, rima e penugem,
Viagem contida num âmbar…
Tornar – algo sem azo, zoeira,
Poeira que, suspensa, se esvai
Do cimo do monte, e nas dunas
Ínsula de areia, broa da ilha…
O Tempo - ruinoso e tão à-toa,
Longínquo no travo e na treva,
Réstias de cacimba, névoa e griso…
De vide, fuligem, sendo verso
Dessa margem, riso e vertigem
Ou fonema virando poema…
FILINTO ELÍSIO
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Meses...a contragosto
Augusto mês de Agosto. Quente, meio chuvoso e completamente difuso. Não se consegue fazer poemas em desgosto, já que a mãe morreu neste mês aziago. Em beleza, pois não me quereria ela mortificado e penitente, reincarnando, nas antípodas, Mersault. Não me sói matar ninguém, ainda que me sinta “O Estrangeiro”. Mas este é um Agosto obtuso, sem absurdo, nem (des) ordem filosófica. Que não me permite dispor da solidão. Tão pouco me admite olhar ao espelho. Por onde andará a minha alegria?
Setembro
Quando Agosto caminha para o fim, começo a desabrochar-me para Setembro. Pode até parecer, aos vossos olhos, que estou fazendo prosa com esta minha fase existencial. Acontece que, para o gáudio dos invejosos, Agosto me tira do sério. Fica, por isso, a promessa de entregar os poemas inéditos para a antologia de José Luis Tavares e as crónicas para Sílvio Baptista, não sem antes acertar as fotos com Omar Camilo. Em Setembro já estarei melhor, isto é, caso ainda tenha estrutura emocional para ver a passarinha de pena azul. Fui…
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
El Ausente
Dios insaciable que mi insomnio alimenta; Dios sediento que refrescas tu eterna sed en mis lágrimas, Dios vacío que golpeas mi pecho con un puño de piedra, con un puño de humo, Dios que me deshabitas, Dios desierto, peña que mi súplica baña, Dios que al silencio del hombre que pregunta contestas com un silencio más grande, Dios hueco, Dios de nada, mi Dios: sangre, tu sangre, la sangre, me guía.
La sangre de la tierra, la de los animales y la del vegetal somnoliento, la sangre petrificada de los minerales y la del fuego que dormita en la tierra, tu sangre, la del vino frenético que canta en primavera, Dios esbelto y solar, Dios de ressurrección, estrella hiriente, insomne flauta que alza su dulce llama entre sombras caídas, oh Dios que en las fiestas convocas a las mujeres delirantes y haces girar sus vientres planetarios y sus nalgas salvajes, los pechos inmóviles y eléctricos, atravesando el universo enloquecido y desnudo y la sedienta extensión de la noche desplomada.
Sangre, sangre que todavía te mancha con resplandores bárbaros, la sangre derramada en la noche del sacrificio, la de los inocentes y la de los impíos, la de tus enemigos y la de tus justos, la sangre tuya, la de tu sacrificio.
I I.
Por ti asciendo, desciendo, a través de mi estirpe, hasta el pozo del polvo donde mi semen se deshace en otros, más antíguos, sin nombre, ciegos ríos por llanos de ceniza.
Te he buscado, te busco, en la árida vigilia, escarabajo de la razón giratoria: en los sueños henchidos de presagios equívocos y en los torrentes negros que el delirio desata: el pensamiento es una espada que ilumina y destruye y luego del relámpago no hay nada sino un correr por el sinfín y encontrarse uno mismo frente al muro.
Te he buscado, te busco, en la cólera pura de los desesperados, allí donde los hombres se juntan para morir sin ti, entre una maldición y una flor degollada. No, no estabas en ese rostro roto en mil rostros iguales.
Te he buscado, te busco, entre los restos de la noche en ruinas, en los despojos de la luz que deserta, en el niño mendigo que sueña en el asfalto con arena e olas, junto a perros nocturnos, rostros de niebla y cuchillada y desiertas pisadas de tacones sonámbulos.
En mí te busco: ¿eres mi rostro en el momento de borrarse, mi nombre que, al decirlo, se dispersa, eres mi desvanecimiento?
I I I.
Viva palabra obscura, palabra del principio, principio sin palabra, piedra y piedra, sequía, verdor súbito, fuego que no se acaba, agua que brilla en una cueva: no existes, pero vives, en nuestra angustia habitas, en el fondo vacío del instante — oh aburrimiento —, en el trabajo y el sudor, su fruto, en el sueño que engendra y el muro que prohibe.
Dios vacío, Dios sordo, Dios mío, lágrima nuestra, blasfemia, palabra y silencio del hombre, signo del llanto, cifra de sangre, forma terrible de la nada, araña del miedo, reverso del tiempo, gracia del mundo, secreto indecible, muestra tu faz que aniquila, que al polvo voy, al fuego impuro.
Octavio Paz
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Toada
Aproveito as férias pagas do pessoal para lembrar aos meus parcos leitores que não poderia escrever sobre o Estado da Nação. Disse ao editor, aos leitores e, sobretudo, a mim próprio que me andava a mancar engenho e arte para tanto. Fiz um genuíno esforço para ir à sessão da Assembleia Nacional e parei um bocado, do anel em que se assiste ao espectáculo do mundo, concluindo saber o que não seria para mim. Andei pelas ruas, vasculhando na face dos transeuntes, mas pude testemunhar um assalto e um acidente. Arre, que te fadaste a escrever estados da alma. Arre, que estás condenado a escrever outras loisas e novas glosas. Crónicas da terceira margem…
Cronos deste quotidiano
E há um cronista de serviço que divide o mundo entre ele, Deus e César. Inclusive, redefine a antologia dos poetas cabo-verdianos. Manda no onírico alheio. Ufana-se dono da República. Classifica os cartáveis e os descartáveis. E, em textos rascas e pequenos, desenha um pequeno Olimpo, onde os deuses da esquina masturbam seus egos. Faz pouco dos substantivos e delicia-se dos adjectivos, e faz, como o desvairado Narciso, de tudo seu espelho. Malhas nos vates e nos bacamartes. Até esse Estado da Nação esvai-se-lhe do próprio umbigo. Adivinhem que dou um doce. Ele é o abade dessa confraria. Procissão dos velhacos, só poderia. Às tantas, quero estar desavindo. Às tantas, quero outros caminhos…
Em dias de alma
Não é que o meu psiquismo interesse a alguém. Tão pouco o nexo dos meus dias se torna coisa pública. Provavelmente, o Estado da Nação suscite mais leituras que os meus interstícios. Os meus desassossegos são só meus e de mais ninguém. Neste Agosto, é o 2º aniversário do falecimento da minha mãe. Por isso, se me permitem, estou em dias de alma. As crónicas reflectem os meus dias, afinal. Mesmo quanto dou gargalhadas efusivas. Fernando Pessoa, numa “depressão sem fundo”, escrevera assim: Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça.
Se bastasse
Tu, como ninguém, soubeste porque eu lia (e lia-te silenciosamente também) os versos de Sophia de Mello Breyner Andreson. Soubeste-o e os meus dias passavam, de tão iguais e à mesma, lentamente. Versos que diziam: Cada dia é mais evidente que partimos/ Sem nenhum possível regresso no que fomos/ Cada dia as horas se despem mais do alimento:/ Não há saudades nem terror que baste…Tu, como ninguém, soubeste ser outra a minha toada. A outra minha estrada (só tu, que me ausentas, nesta margem terceira)…
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Rir
2.. Eu não matei, mandei o Mauricio Mattar
3.. Você não tem, mas o Frankstein
4.. Eu não vou furar. O Juca Kfouri
5.. Aquilo todo mundo vê... Até o Clodovil
6.. Todo mundo só morre uma vez, mas a Alanis Morissete
7.. Eu pulo do barranco. O Luciano do Valle
8.. Você já morou nos EUA? A Marylin Monroe
9.. Você faria papel de trouxa? A Betty Faria
10.. Eu acordo mais tarde. E o Edir Macedo
11.. Ninguém queria pagar a conta. A Cassia Kiss
12.. Eu pinto paredes. E o Jânio Quadros
13.. O marido da Hilda Furacão é o Tony Tornado
14.. O Pateta usa o teclado. E o Mickey Mouse
15.. Eu escovo os dentes 4 vezes ao dia. E o Joãozinho Trinta
16.. Você já esteve na Europa? A Adriana Esteves
17.. Eu fumo. E o Celso, Pitta
18.. Eu gosto de chá gelado. E o Clark Kent
19.. Eu fujo. O Chiquinho Scarpa
20.. Você riu dessas piadas? NÃO? O Damon Hill
NOTA: Estas frases ilárias, que me chegaram em encaminhamento electrónico, servem para rir. É que o stress se tornou uma das principais causas de morte, ultimamente. Por isso...
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Equador
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Escrever tão-somente
Escrever tão-somente
Há momentos em que escrever é como deambular, sem norte e à sorte. Jogar a bússola na falésia e voar no improvável. Escrever tão-somente com ímpeto. Vela ao vento. Cata-vento. Espavento. Escrever, mesmo sem arte. Com o alarde de nada…
Pôr-do-sol
Pôr-do-sol oblíquo, a puxar para o triste. Chegado ao fim dos poemas, sem remorsos, nem estranhos arrependimentos: os dias afinal sempre foram passados. Cores, sons, gostos, sexos, aromas, corpos, estátuas de cera, as coisas foram passando como num filme. Houve beijos em nuvens e acenos em viagens. Encantos e desencantos. Coisas também vis e negligentes, com que se envergonhar, mesmo a só, no corredor da sorte. Baixinho, aqui entre nós, a balbuciar: o sol a pôr-se…
Palavras
As palavras são coisas, (i) matérias que pesam e ocupam o espaço da intenção. As palavras são gestos ou, quando envoltas de metáforas, gestas. Pronunciadas, até se balbuciadas, elas são pessoas que as dizem e que as escutam. Que as pensam no silêncio. Assim, relendo o Génesis, está o verbo no começo de tudo. O Aleph, como nos indica Jorge Luis Borges. Para que, doravante, nada fosse desimaginado…
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Soljenitzyne

O Atentado
Horário Único
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Comme Si De Rien N'Etait
