segunda-feira, 12 de março de 2007

A trans-política




A trans-política de Jean Baudrillard

Ó, gente boa, uma trégua para escrever sobre este homem imprescindível. A morte de Jean Baudrillard, brilhante filósofo contemporâneo, não poderá passar em branco entre nós. Afinal, nem só de bizantinices, greves e riolas bairristas vivemos. Baudrillard, por exemplo, viveu numa sociedade onde o caos fora a melhor estratégia para desmontar o sistema de banalidades. Era preciso desconstruir o simulacro e a engrenagem. Fazer outra viagem – a da trans-política –, em que o pensamento e a Arte ganham, sem adjectivações, o substantivo do Ser.

Bocas

Um deputado, conhecido pelas suas bocas nos cafés da cidade, não gostou da minha escrita sobre o debate parlamentar. Ele acha que os deputados tiveram inteligência, elegância e boas maneiras durante a discussão sobre a corrupção. Não se pretendeu fazer tábua rasa, até porque, nas duas bancadas, há deputados de fina estampa, merecedores da confiança e do salário que recebem. Mas há outros que confundem imunidade com impunidade e alhos com bugalhos. A infra-política. Pobres de espírito e de verbo, ali a beber metros cúbicos de água mineral. Estes, meu caro, são os escabrosos que vamos aturando, mas não silenciosamente. É que aturar também custa…

A economia da droga

Nos dias que se seguiram ao assassinato das italianas – uma execução que nada teve de passional, como pretendiam os pacóvios da aldeia -, não faltaram vozes a exigir a requalificação do turismo. Uma reflexão sobre os impactos desse turismo para a nossa sociedade. O dinheiro tem os seus custos e ele só vale a pena se os lucros também forem sociais e culturais. O assunto terá sido relegado ao segredo da justiça ou à justiça do segredo? E a questão nem é estritamente policial. Precisamos superar a falsa premissa de que a polícia seja o fiel da balança. O equívoco de se interpretar polícia e segurança como sinónimos. Para além do tão urgente quão necessário investimento nos valores sociais e familiares, do civismo e do convívio, importa identificar e desmantelar a “economia da droga” que insistimos em não reconhecer (nós, a sociedade). Uma engrenagem poderosa e insidiosa que já sustenta muita gente na nossa “terra estimada”. Pode?

Feira Internacional da Música


O Mário Lúcio, à frente de uma equipa de boa vontade, organiza a Feira Internacional da Música, em Cabo Verde. O projecto é grandioso, e consistente. Trans-político. Vamos apoiá-lo. São iniciativas do tipo que ressignificam o turismo e clamam por outros investimentos. Se a Cultura é o nosso diamante, há que criar condições de o lapidificar e de o intercambiar. Mário Lúcio entendeu, como poucos, que a melhor forma de proteger e promover a Cultura de Cabo Verde é a abertura para o Mundo. Quanto mais escancaradas as fronteiras, mais as singularidades do local se expressam. Foi assim com o Fesquintal de Jazz, lembram-se? É o se que propõe com esta Feira Internacional. Além de suscitar a instalação, algures, de uma indústria da música. Palmas para o Tchilo…

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