quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Poesis


Alma breve

De repente, Airton Monte descobre que a alma tem peso e ocupa espaço. Numa certa dimensão, fazendo jus ao meu amigo, a alma é matéria. “Há quem tenha medo da alma e há quem aprecie o seu convívio e com ela mantenha contactos periódicos”, escreve Airton Monte. Às vezes, conforta-nos a ideia de pensar que o corpo seja a casa da alma. Outras vezes, há coisas que nos vão simplesmente na alma. Isso para o caso de findarmos de modo prosaico e fatalista…
A sós

Nos dias passados em Lisboa, sobretudo no fim-de-semana relâmpago na ilha da Madeira, aprendi a rir das noções de céu, inferno, limbo e purgatório. Será que precisamos de tamanhas grandezas para este conforto de pequeninos? Será que devemos andar sempre no meio dos deuses e demónios, quando já nos bastam os transeuntes do quotidiano? Vi bancos de praça que poderiam ser aqueles sobre os quais Jorge Luís Borges escreveria. Andei contigo as beiradas do rio e do oceano, como se não morrêssemos afinal. Alombei, a sós, ruas, ruelas, azinhagas e becos. Uns com silêncios. Outros nem tanto…

Para lá das semânticas

Escrever Poesis no Jardim das Hespérides é um gozo incrível. Escrevê-lo como uma opereta conceptual, a ser executada pelos Raiz di Polon, sob a batuta de Abraão Vicente, é um gozo redobrado. Já havia testado Mano Preto a fazer interpretação corporal com os poemas de Das Frutas Serenadas. O primeiro embate em São Vicente foi brutal. Positivamente brutal. João Branco que o diga. O frisson foi tanto. Estamos a montar a peça em Lisboa. É a secreta vida das palavras. Para lá das semânticas…

Poemas tão-somente

Um projecto tem lados complexos. Há que escrever o roteiro. Convencer os promotores. Demandar aos patrocinadores. Escrever orçamentos (vejam a foto que o Mito me tirou em pleno exercício orçamentário). A minha praia era escrever poemas. Poemas para o recital de Ricardo de Deus e para a interpretação dos Raiz di Polon. Ver o Mito a compor cenários e Carlos Hamelberg a geometrizar o espaço. Poemas lânguidos e caudalosos para “você dançar”, como diria Gilberto Gil. Poemas tão-somente…

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