quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Crioula na Estação

(...)
Ó rola morena, Crioula!
Escuta, tem pena de quem
Te invoca, te canta e te quer,
Estrela, flor, anjo, mulher,
Crioula, meu amor, meu bem!
(...)
Pedro Cardoso. CRIOULA


Há um dizer de ti, minha sereia,
Disto ser flor ou pedra murcha,
Concha prenha, esteio do mar
O que derramas, mas resguardas...

Esse mistério, meio glace, areia
Ou pedaço de vento, o confeito
De pão e de café, bago de fruta
No rótulo dessa vasta várzea...

Espumas à soleira das portas,
O adensado cheiro da Calheta
As rédeas silenciosas das horas...

Tudo isso és tu, na estação,
Quando os trens da tarde,
Já são tua cicatriz em mim...


Filinto Elísio

Sem comentários: