Ao meu amigo Zeca Duarte
Os galos que cantam na baia adormecida
E as peixeiras aos pregões “cavala fresca”,
Levam a mesma métrica e a mesma clave,
Não se sabe se do dia ou da pura melodia…
Mas o que se conhece, não da madrugada,
Posto que arredia o amanhecer, é o solfejo
De haver, entre lua e sol, tal pejo do nada,
Como fosse nada a chave da idade do ser…
O resto, sendo sobras da cidade, a desdita
Dos burocratas e comandita, o estremecer
Das luzes e prenhe barro, esturro de tudo…
Espore na rosa ou na ninfa, pólen ou boca,
Esta hora louca de também só entardecer,
Quando e contudo, a vida se revela pouca…
Filinto Elísio
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