terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Babel

Rosas, rosas e lírios também

O meu filho Denzel faz quinze anos, no Dia de Iemanjá. Freud explicará porque me recordo de Fernando Pessoa, com o aproximar do dia 2 de Fevereiro. Dai-me rosas, rosas e lírios também

O jornal

Habituamo-nos tanto a esta coluna que custa viver sem ele. Pieguices e resmunguices à parte, mas não é fácil deixar o S/Cem Margens. Tantos amigos e inimigos de estimação. Alguns leitores fidelizados, a cada semana. Alexandre, o Editor, na sua cobrança de fecho de edição. A teimosia de ficar e o Estado na teimosia de sair. Estamos em contagem decrescente, diz-me uma fonte bem informada. Haverá de nascer qualquer coisa. Se eu entrar nessa, será com outra coluna, outro nome, nova linha. O S/Cem Margens fica no horizonte. Terá sido eterno enquanto durou. Como a chama do amor, aliás. Grande Vinicius…

O insólito dos dias


Há dias que em não estamos épicos. Nem patriotas. Dias em que as vacas atravessam a avenida e tocam a comer as flores do nosso jardim. Dias abastardados, caramba. Já alguém dizia que morávamos em BRV – Bairro Rico com Vacas –, reduto da elite divina. Tomado de neurastenia, o Poeta dedicara seus últimos versos ao insólito dos dias: ó urbe bovina, anestesia local. A manada nunca entendeu a fímbria de tal metáfora, naturalmente…

Babel

Tenho pena da minha amiga Babel (nome escolhido aleatoriamente, para despistar a burguesia) que se ufana de não saber crioulo e que se enche das suas reminiscências inglesas, sugerindo (não se riam) ter nas veias sangue azul. Babel também é imperiosa nos seus tiques. Quer ser capital de alguma coisa. Da cultura, à falta de outra loiça. Faz lobby disfarçado, entra sorrateiramente pela malha das coisas e faz das suas. Com humor e morabeza. Babel é fogo…

Exegese

Temos sido uma geração heróica. Por isso, mesmo quando encalham as coisas, estou contigo. És bravo e perspicaz, és mesmo dos meus. Lembro-me dos teus versos ainda indecisos. Chamaste a reunião de exegese da novíssima literatura. Éramos apenas estudantes do Liceu Domingos Ramos. Disseste que continuo com este olhar subversivo. E agora, José?

Voto

O meu voto, singelo mas sincero, para que saibamos sempre resgatar, preservar e desenvolver o tesouro inalienável desta nossa gente – a sua língua, as suas tradições e a sua arte. O imperativo ético de tais valores transcende quaisquer ímpetos. Babel que me perdoe…

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