quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Para ganhar um Ano-Novo




Mote


O tempo, como um camaleão, deixa-se mudar de ano. É um São Silvestre felliniano em toda a linha. O novo-riquismo celebra-o, com manifesta mediocridade, à beira de uma grande piscina. Quem lá esteve, adorou: muuuuuuita bebida, farnel à rica e música pimba. Mas chamemo-lo de Reveillon, não vá alguém ficar zangado logo com o Ano a começar. Bom mesmo é ficar, no aconchego de gente próxima e amiga. E de repente, estava uma lua esplêndida. E aquém desse luar alguns caminhos bifurcavam-se. Nesse jardim, naturalmente. Bem à maneira do conto de Jorge Luís Borges. Chega-se à janela e a cidade não perde a sua índole. Boas Festas, ó cidade.


Ano Novo, vida nova

Chegando o Ano Novo, somos levados a reflexões. Matutar sobre quem fomos e o que fizemos no malogrado 2006. Magicar sobre os caminhos a andar nos próximos 12 meses. Essas coisas meio confessionais e pirosas, mas que fazem parte do protocolo de existir. Rever o Blog, por exemplo. E pensar seriamente em acabar com o Albatrozberdiano. Chissana, caríssima amiga, dá sim vontade real de apagar o Blog. O bacalhau no forno, o peru e a champanhe que ficou na saudade. Os disparates da noite de SãoSilvestre que, noutros anos, incluiu um mergulho na Quebra Canela àmeia-noite. A filosofia barata perante mais esta página virada, de novo a esperança no amanhã. Para não falar de hilariantes resoluções: parar de escrever poemas, começar a correr pela Marginal; detestar o enforcamento de alguém, trabalhar menos; deixar as bebidas brancas, ter mais compromisso com esta cidade; gastar menos e poupar mais... E outros abalos continuados de emoção. A hora H de gente que reza, gente que chora, gente que se abraça…

And the winners are...

Os jornais locais – paradoxalmente na divisa da água – elegeram na derradeira semana as Personalidades e os Factos do Ano. O poder do discurso, uma vez mais, é o discurso do poder. Ou de poderes. De governar. E de desgovernar. Mas há uma verdade que emerge: os escolhidos (gentes efactos) são os destacáveis num ano aziago e para esquecer. Ser o melhor, num ano medíocre, realmente não é uma das melhores compensações. Ainda bem que chega o 2007. Espera-se que este venha sem militares, nem clandestinos estrangeiros…pelos mares.

Esse Drummond!

Não perderemos de vista o belo texto de Carlos Drummond de Andrade, que reza deste modo: "Para ganhar um Ano-Novo que mereça este nome,você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo. Eu sei que nãoé fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que oAno-Novo cochila e espera desde sempre". Drummond sabia das coisas. Isso nem o Pranchinha contesta…

Grand Finale

Aqui ficam estas primeiras linhas de 2007. O subentendido fica impregnado no desejo (quando não matizado, qual plástico aderente) dos leitores. Já vamos com sorte. Podermos já dar Boas Entradas a todos é já uma coisa…

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