segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

O Fórum da hora

O Fórum da hora

Chegou a hora de reflectir e debater Santiago. Sem complexos, mas com complexidade. Ver Santiago em números e pensá-lo à luz das suas potencialidades. Pressentir Santiago em História e projectá-lo para um futuro de desenvolvimento. Amar Santiago em perspectiva e levá-lo para o ponto (mais que necessário, ó céus) da regionalização. Chegou a hora de dar um passo em frente e esquecer os fantasmas do quotidiano. De fazer a catarse essencial, para não dizer a exorcização necessária. Um problema tão complexo não deve ser encarado com simplismo para não resultar em complicação. Por isso, o Fórum é mister. É must. É hora...


Praia imparável

Falando, mais de perto e mais frequente, com Felisberto Vieira (Filú), Presidente da Câmara Municipal da Praia, entendo a razão de haver optado pela Praia ao invés da liderança partidária. Em verdade, pouco tempo depois desse recuo temporário, mas estratégico, Filú apresenta uma nova dinâmica, aliás prontamente reconhecida pela imprensa. A Praia começa a ganhar pinta e velocidade. Uns aplaudem, outros reclamam. Estes e aqueles são necessários para aquecer a locomotiva, diga-se. A dialéctica é o tónico para avançar as coisas. E as prioridades parecem estar definidas. A prioridade das prioridades, é o Estatuto Especial, esperando que desta feita a classe política não venha apoucar, por tão poucas razões, a capital de Cabo Verde. E, almejando que a edilidade até então morna e apática face aos desafios autárquicos ora surpreenda a todos pela positiva, pergunto: Significa que vamos desengatilhar todos os projectos e fazer a Praia entrar na rampa do desenvolvimento? A expectativa é que 2007 seja o ano em que muita coisa saia do papel. Queremos, com sentido de causa e de consequência, uma Praia moderna, competitiva e imparável…

Paixão Atlântica

Prestes a deflagrar o que pretende seja um sistema municipal de excelência, Filú terá que conciliar a busca da modernização com a superação de alguns atrasos estruturais da Praia (e de Santiago) que beiram o descaso e o escândalo. Uma realidade incompatível com o século XXI, e que não cabe numa capital que se quer Paixão Atlântica.

Livros

O bom livro é aquele que me agrada. Não me interessa se é de consagrado ou de novato, literatura clássica ou contemporânea, prosa ou poesia, texto definitivo ou descartável. Estes predicados somente têm importância em relação à ocasião, com espírito de o degustar, folha por folha e a cada momento. Caetano Veloso diria amar os livros com amor táctil. Gostar de tocá-los, na fímbria com que se devota tocar nos maços de cigarros. Cada escrita tem a sua hora certa e quando isso é verdade, como agora que leio Zadie Smith, os livros são momentos inesquecíveis.

Discos

O que é válido para livro, também o é para disco. De repente, em surpreendente e positivo espanto, escuto em primeira-mão o disco de Frederico Hopffer Almada, arquitecto que responde aos amigos e conhecidos por Nhonhó Hopffer. Antes de mais, prevalece aqui o bom gosto das músicas seleccionadas (e dos compositores da mais fina estampa nacional). Depois, o arranjo impecável de Kim Alves que extravasa na música, o que não afirma no discurso (e nem tem de o fazer, diga-se de passagem). Finalmente, o próprio Nhonhó, afinadíssimo da silva, a introduzir uma toada rouca e lamentosa, dolência de um certo cantar nas profundezas de Santiago, ilha maternal e matricial. Sinceramente, gostei. E recomendo o disco a todos. Este foi o ano do “Navega”, de Mayra Andrade, “Ao vivo e aos outros”, de Mário Lúcio, “Traz di Son”, de Ângelo Barbosa, “Dança das Ilhas”, de Kim Alves, e “Fragmentos”, de Ricardo de Deus. Será que entrámos na espiral do bom gosto? Quem dera…

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