O que à vigília cinzela o plúmbeo do céu,
Tu, e os outros, nesta acústica da pétala,
Só de saudades sois silêncio agora em mim
Ou de caos tão-somente no cosmos desta voz…
Todos os átomos e todas as poeiras giram
Suspensos no maluco carrossel das horas
E como relógios destravados de música
Soltam-se o alarme e o alarde na quietude…
Pura gota, minúscula que seja, de chuva
Que me desperta para o reencontro das coisas
E me olha das pedras que à vidraça soletra…
Escorrendo parte em meu corpo, de alma
Aqui liquefeita de uma viscosa boca tua
Que nos degusta o sal, fruto de poemas nós…
Filinto Elísio
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