A José Luís Tavares
Corpo áspero de sal que aos meus dedos crispa
Cada cristal e, quase que nuvem feita pedra,
Brilha qual diamante ao sol, e, do seu zénite,
Deixo transcorrer o sonho pela água…
Saberás sempre que, em mim, se resume
À poesia esta motriz do vento e do moinho,
E a matriz que alinha, no mais puro linho,
O fiar das palavras no pano das metáforas…
Hás de me ver passar, em sepulcral silêncio,
Onde os ruídos e as ruínas quedam-se inertes,
Mister do Verbo ou de quão soberbo apanágio…
E deste simples ritual – dedos na côdea de sal –,
Aprenderemos nele o siso e o cisco das pedras,
Corpos das musas, errantes nós das geografias…
Filinto Elísio
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