sexta-feira, 11 de março de 2005

O mar tão-só à justa

Tão sentado quão me deslavo, vejo-te,
Tardos dos meus olhos, seja tempo
Esmaecido das nuvens ou das flores peregrinas,
Assim clepsidra musa das que crepita…

Aonde o périplo leva, ao tento breve e fogo,
Sobressalta na noite esta chama dos olhares,
Pedra em cripta que não sabes já, a rebrilhar
Quais estrelas lá longe da tua sombra…

Dou-te mais do que o mar para dar,
As praias íntimas de conchas mais secretas,
As gretas que sabem ao desponte da noite…

As luas que sobem ao musgo das grutas,
O escorrer impúdico nas veias das águas,
O mar tão-só à justa dos nossos corpos…


Filinto Elísio

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