Acordei gente, doutro rio e o rumorejo só de água,
Que ao poeta, nas viagens distraído, silencioso cio,
Navegam-lhe palavras de não haver princípio e fim,
Quão também astuciosa, lhe são sêmeas as margens…
Acordei gente, deste mundo, que a mata me pulsa
E tudo – dos Suruí, uns, e dos madeireiros, outros -,
Esse canto do tucano lhes pressagia tão más novas,
Como esta lágrima de chuva entre Rondônia e Acre…
Eu, ainda na rede, em cururu de sapo, acho que uva
Que a vista me turva, tudo ser quente, quanto melaço
Ou pedaço de fruta para o tanto desfrute de acordar…
O açaí de cacho e como também me olhas, o destroço,
O que se lambe caroço, turmalina em removida terra,
Parindo das sêmeas das margens, de certas manhãs…
Filinto Elísio
in Caliban driblando Prospero na Amazónia
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