quarta-feira, 29 de março de 2006

A lacónica flor da língua

A flor do lácio e o roteirista de surpresas

Para alguém, como eu – do antanho apaixonado pela museologia e pela língua portuguesa –, o Museu da Língua Portuguesa, inaugurado recentemente na cidade de São Paulo, é um bálsamo. Fico a imaginá-lo de longe e a namorá-lo no pensamento. Ou, então, a acariciá-lo virtualmente, pelo Internet. Ele permite de facto um conhecimento intensivo e exaustivo da língua portuguesa e nos confirma a pujante (e ainda não totalmente acordada) existência da lusofonia. Outrossim, ele se revela, a um tempo, real e fantástico. Como adoraria aprofundar o meu conhecimento sobre museus interpretativos, que usam as tecnologias de comunicação de ponta para embalar conteúdos de assaz interesse colectivo. Importava reafirmar que os museus hoje em dia não apresentam apenas artefactos, mas ideias e imaginação. Anteriormente, o curador era um guardador de peças, agora ele e um roteirista de surpresas. Isso me encanta…


Sucessão no MpD ou algo mais sério

A propósito da sucessão no Movimento para a Democracia (MpD), acertada depois do duplo desaire eleitoral, o meu confrade Manuel Delgado tocou num aspecto realmente importante ao dizer que o deputado Jorge Santos, para ele o melhor posicionado, “apesar de ser preto, é de Santo Antão”. E, o pior, ele assume isso como um “defeito” em conexão a que denomina o “badiuísmo que inquina a elite política cabo-verdiana”. Amigo, respeitador e ciente da pena de Manuel Delgado, procurei ler o artigo sob vários ângulos antes de me pronunciar. Mas não pude deixar de ficar intrigado com o vector nele impregnado. Ora, os “defeitos” de Jorge Santos não se radicam em ser “de Santo Antão”, o que em Cabo Verde não será condição suficiente para ganhar e/ou para perder qualquer pleito. E muito menos a pretitude, seria condição sina qua non da ascensão e/ou queda de alguém na Ilha de Santiago. Os seus “defeitos” serão com certeza outros…Ademais, não é o “badiuismo” que inquina a politica cabo-verdiana. Mas sim o regionalismo estreito e letal, o bairrismo besta (vamos botar besta nisso), de uma elite, que, a continuar, poderá indicar caminhos tenebrosos e desavindos. O “badiuismo”, assim como o “sampadjudismo”, seriam faces opostas da mesma moeda, há muito fora da circulação, mas que sub-repticiamente gente bem localizada utiliza como cavalo de batalha. A indivisibilidade de Cabo Verde e os fundamentos da cabo-verdianidade, conceitos eivados de significado, revelam que realmente somos um povo coeso e único, e que a diversidade dos nossos jeitos e trejeitos, longe de ser um condicionalismo, é a nossa grande oportunidade. Por isso, uma outra abordagem, por favor…

Torres verdes para Nova Iorque

Em Nova Iorque, tornou-se importante e correcto construir prédios ‘ecológicos’. Isto é, edifícios projectados para diminuir o impacto sobre o ambiente – com sistemas para economizar a água e a energia eléctrica. As maquetas dessas novas edificações estão expostas no museu dos arranha-céus, em Manhattan. Há pelo menos uma dúzia delas, nomeadamente a nova sede do jornal The New York Times, o corporativo "The Hearst Tower", residencial "One River Terrace" e a Torre da Liberdade, que será construída no "Ground Zero" (terreno onde se localizavam as torres gémeas do World Trade Center), entre outras. Mas tudo indica que, muito em breve, as casas ecológicas se tornarão populares nos Estados Unidos e no resto do Planeta. Em Cabo Verde, agora que pretendemos dar vida (e sustentabilidade) aos ZDTIs, a questão poderá perfeitamente ser levantada com acuidade. A ecologia deveria encarada como pré requisito para o investimento imobiliário e turístico. E para que não fiquemos a ver navios, os nossos edis e arquitectos deveriam fazer-se por uma sensibilidade ecológica. Verde que te quero verde

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