quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

COMUNICADO FINAL



Devido ao extravio, nos últimos dias, da sua porqueira (como se pode constatar por imagens de postais dali enviados) situada algures na zona saloia, arredores de lisboa, de uma lunática porcina, portadora duma anomalia altamente contagiosa, as autoridades competentes destacaram uma força de captura e exterminação composta por uma equipa cinotécnica (para detectar o mau cheiro), um psiquiatra (para diagnosticar os sinais de loucura galopante) e um especialista em ondas zoófilas (para rastrear o IP, vulgo impulso porcino).

Depois de apuradas análises, conhecida que é a sua compulsão para a transmutação, chegando mesmo ao ponto de encarnar um ente real conhecido de todos, um médico caboverdiano colunista do jornal A semana online, a força detectou que encarnou nos seguintes clones (sem prejuízo de desanexar da lista, com as respectivas escusas, como manda a grandeza moral, se alguns destes vierem a provar existência humana real, embora seja manifesto o grau de parentesco): A.S. Magro, Filomena Teixeira, Undertaker, Undertaken, Sindicatos, Amílcar, Sabichão, Sampadjudu refilon, Frankelina, I. Faria, L. Semedo, Sodade, Consuelo Betancourt. (A lista não é exaustiva, dado o escasso tempo que a força teve para analisar a quantidade de indícios, isto é, os dejectos ruminados e expelidos nos últimos dias pela perpetrante).

No entanto, segundo notícias confirmadas, a dita foi encontrada já cadáver na mata de Monsanto, onde tentara refugiar-se após feroz perseguição que lhe fora movida por um pitbull de nome Tavares, a quem tentara atirar, numa das suas encarnações (desta feita um negro angolano e uma mestranda em lérias), uma dose da sua costumeira porcaria.

Pela pestilência exalada, confirmou-se tratar da dita, embora com esse curiosíssimo pormenor: apesar do manifesto estado de rigor mortis, a carcaça continuava a emitir uns estranhos sinais IP – impulsos porcinos – que, logo que decifrados e traduzidos para linguagem humana corrente, consistiam no seguinte: «eu sou uma porca, sou uma porca, sou uma porca, mas não estou morta».

Consta que, apesar do valoroso gesto em prol da salubridade pública, o pitbull exterminador foi saudado por muito poucos, pois, apesar da carcaça ter sido mandada para a incineração, alguns nativos temerosos receiam que algum clone tenha sobrevivido, ou que regresse em forma de harpia.

Choupana da Reinação, dia do Carnaval do ano da graça de 2008
Assinado (na ausência do Rei-momo) pelo seu fiel mordomo

José Luiz Tavares

1 comentário:

Alex disse...

Que é feito de ti companheiro? Este teu blog anda um pouco abRandonado. Espero que estejas de saúde.
É mesmo só para te deixar um abraço, que com o Zé Luis já falei.
ZCunha