Faleceu Manuel Delgado, o jornalista da prosa fina e cáustica. Domador da sintaxe e da semântica, mesmo quando estas se mostravam indomáveis, Delgado era sim um bravo e um destemido. Dizia de si próprio “cadáver armadilhado”, sempre que os inimigos declarados e aqueles mais velados ousassem alguma ameaça. Tinha o dom de rir dos “imortais” e chamava os nossos burocratas, ainda que encalhados na poltrona do poder, de “deuses da esquina”. Gostei dele, como se quer a um familiar próximo, e com ele aprendi a não seguir fanfarras da tropa fandanga. Gostei dele e, em horas de convívio, líamos os poemas de Alexandre O´Neill. Gostei dele e, em caudalosas discussões, construíamos umas ilhas no lego dos nossos sonhos. É hora, Manuel Delgado. À andaluza…como fora prometido em tempos de estio.
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