terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Esse siso em cada riso




Na fímbria do tempo

Tomo, com siso, mas não sem riso, essa visão de Cabo Verde que começará no século XIX, quando não mesmo no século XX, sonegando mais de quatrocentos anos da história do povo cabo-verdiano. Não poderemos ir para a aventura do futuro, com a memória comprometida e amordaçada. Nem poderemos ser nós próprios, com essa coisa dissimulada, de diluirmos a nossa componente negra. A aventura crioula, não a de Manuel Ferreira e dos seus admiradores, é de uma ancestralidade que a nossa elite intelectual, por estratégia de classe, recusa a perceber na fímbria do tempo…
Bento, rebento

Encontra-se na capital o amigo Bento Oliveira. Ele expõe a sua criação (plástica) na Reitoria da Universidade de Cabo Verde. Bento Oliveira, que é de Ribeira Grande, ilha de Santo Antão (Sinta 10), faz arte com serenidade e intensidade. Pelo que entendemos dos seus traços, o público praiense irá apreciar, em vários quadrantes, o que Bento Oliveira apresenta nessa mostra. Retiro do Ala Marginal (Blog de Abraão Vicente) um retrato do nosso amigo comum. Bento, rebento de um Cabo Verde novo. Outro…

O vate conseguido

Gostei, uma vez mais, de ler José Luís Tavares, um dos mais talentosos e substantivos da nova poesia cabo-verdiana. O poeta, às tantas, em “o rio quando antilira”, vaza o vate nestes termos:

(…)
Não há, porém, métrica que cinja
a voz de um rio quando suspira nas entranhas
avivando um passado que é cisco na memória.
(…)

Com muito siso e uma dose extra de riso, eis, meus caros, alguém que não derrama seus versos à-toa…

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