segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Estado da Arte e Outros Torvelinhos





Estado da Arte

Nada disso. Desta feita, a média baixa tenha alguma paciência, mas é tempo de Parceria Especial com a União Europeia. Não é tempo de estio, caros amigos. Nem de fastio, que as oportunidades, bem como as portas, se abrem para nós. A dinâmica deverá apontar para a África Ocidental (excelente mercado sim), o Brasil (país emergente sim), a China (realidade extravasando sim) e os Estados Unidos (o topo da gama sim), assumindo nós, de vez, a condição de "players". Agora estamos no estado da Arte , companheiros. Inovação e criatividade. Para nos reinventarmos neste exacto momento…

Deus e a Arte


Com o meu pai, aparentemente pacato cidadão, mais para a conversa que para briga, aprendi que a Arte desafia o tempo e o lugar. Transcende as pessoas, que a determinam, e plasma a natureza e o universo. E com a minha mãe, soube sempre da esplendorosa textura das artes. Era mulher que tratava a metáfora por tu e com um amor quase táctil, não só com carinho, mas com carícia. Por isso, eu me calo diante das coisas que me ultrapassam e, sem comungar, nem proferir, alguma religião, sinto em mim que Deus, no que tem de fantástico, grandeza e profundidade, só poderá ser uma grande Obra-prima.

O torvelinho da memória

O meu avô, João Henriques de Almeida Cardoso, respeitável funcionário da Fazenda Pública e cidadão de profundas convicções, haveria de aplaudir as obras no Planalto da Praia de Santa Maria, de repente, por neologismo de trazer por casa, virado Plateau da Praia. Há um passado que deve nortear o futuro da cidade capital, que é de glorioso traçado e de bonita fachada, mas que não se compadece com o piso esburacado e desnivelado, nem com a sinalética (ou seria a toponímia?) em certo desleixo. Admirador de Abílio Macedo, antigo Presidente da Câmara Municipal da Praia, o meu avô falava ao tempo do espaço como património colectivo e o desenvolvimento da cidade com âncoras na história. Se calhar por isso, ele terá sido um dos activistas em prol da criação do Liceu Adriano Moreira, ora conhecido por Liceu Domingos Ramos. Ao tempo em que alguns "ilustres" davam pareceres contrários contra um "segundo liceu" no Arquipélago…

Romance

O meu romance sobre a cidade da Praia está quase pronto. Mas o autor não está com a síndrome da pressa, nem com sentimento de irresistível urgência. A escrita, que se quer mais "definitiva", é um mar denso e profundo, a exigir mergulho lento e total. Este é o sentimento que em mim se apodera, se calhar influenciado pela escrita de João Cabral de Melo Neto, no poema Uma Faca Só Lâmina, em que o mestre prega e constrói versos de precisão e rigor. E o fantástico que apareça quando tiver de acontecer…

Navegar é preciso

Aparentemente desconexas estas notas, ficando assim o desvio meio hermético, no meio da crónica, chamam elas a vossa atenção para o momento. Fernando Pessoa vira-o assim, noutra esfera: "Navegar é preciso"…

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