domingo, 1 de abril de 2007

Para que nada fique na mesma

Para que nada fique na mesma

Saravá, mantenhas & boa nova, meu caro leitorado. Nesta lenta agonia de haver jornal, vamos escrevendo o tempo da ilha e do mundo, cientes de que daqui a dez, cem, mil anos, um terráqueo qualquer há de querer saber destes cumprimentos. Quanto mais não seja pela cultura arqueológica de continuar a haver futuro. Estou entre Fortaleza e Praia, com Bóston atravessado no pensamento, da minha escrita, quer criativa, quer utilitária. Não dou mais detalhes de querer Frei Betto apresentar o livro de Felisberto Vieira, saído da forja e entrado no prelo, com prefácio de Jorge Sampaio. Nem digo aqui do recital de boa música de Fhátima Santos, no Centro Cultural Oboé. Tom Jobin celebrado por uma intérprete da primeiríssima água. Outra novidade, mas só cheirinho, de quem regressa por uns dias. Para que nada fique na mesma…

No Clube do Bode

No Clube do Bode, confraria de intelectuais que se reúne aos sábados sob o comando do livreiro Sérgio Braga, no Florida Bar, acontecem sempre coisas inusitadas. Desta feita, uma princesa vinda das terras helvéticas, entrementes tornada “cabrita”. Outrossim, Filinto Elísio acaba de ingressar o Clube, numa festejada e pantagruélica entronização. A aguardente de Santo Antão, mãe da cachaça como foi ali baptizada, fez boa muito boa figura. Saudada por Sérgio Braga, Audifax Rios, José Tarcísio e Dimas Macedo, entre outros ilustres, essa aguardente fez autêntica diplomacia crioula entre os intelectuais cearenses. Gente conhecidíssima, mas simples mortais, sem as nove-horas dos nossos generais de palanque. O almoço era uma manta de carneiro, com baião-de-dois. Depois, uma feijoada completa, para amanhar o sábado. Como diria o poeta Carlos Augusto Viana, nem só de pão vive o homem. Há também vinhos e finos queijos…

Tricas & futricas

Da Tapadinha, só poderia isto. O cronista apareceu à porta, zangado e sabichão, a mandar vir sobre a carneirada obtusa, hoje pecadora por votar deste e não daquele lado. Escreveu loas e laudas, arrotando sua sapiência em leis e em política, neo-liberal entretanto na sua entortada boca, bem como no seu verbo à-toa. Mercê desse magistério arruinado falou mal do mundo. O Carmo e a Trindade. O fim dos tempos. Vaticinou os ciclos políticos de dez anos. Amaldiçoou os jovens e os aprendizes. Destilou sobre as águas, a sua enormíssima arrogância. E, depois, qual lobisomem no limiar da noite, comeu as mentes ensonadas, à falta das virgens que as lendas rezam. E acordou, apaziguado e sereno, como quem dormisse o sono dos justos. Onde estarão os inocentes e os patuscos em delírio?

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