quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Passaja d’óne

Uma espécie de nuvem atravessa a manhã e se instala, nublada e cinzenta, na minha alma. Não sei se da geofísica ou se da minha tristeza, mas o certo é que jamais verei a águia que por mim passou e, se calhar por leviano romantismo, me deixou este travo de saudade. Também confesso que a divisa entre um ano que finda e outro que começa me deixa entre a euforia e a nostalgia. Quem dera poder, como os demais espantar os fantasmas que, noite e dia, invadem cá dentro as minhas catedrais. Tudo se esvai. Inexorável é a areia que vai com o vento. Insustentável este sentimento de perda que a pertença, quase sempre, não processa. Estou na beirada do rio Charles, em Boston. Numa ruidosa rua de São Paulo. Ou, no alto do Monte Verde nesta friorenta manhã, onde a águia atravessa o meu estado da alma. Não sei se da geofísica ou se da minha tristeza…

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