Em olhares de torpor, onde deambulei perdido,
Quis como quem, de talhante, a carne corta, romper
Os nervos e os músculos, e a revestir os ossos todos
O peso dos verdes musgos pela greta das pedras...
Quis, quase de sina e de seno, o alarde de te viajar
E ter levado a tristeza que me sombreia a tarde
Ou, então, fugir dos cárceres impostas em nós
Como deuses incessantes a cercear-nos a crença...
E o que arde ainda e não se evade do coração,
Assaz quente lacre derretido, tão vazante
Quão segredo no curso obrigatório de um rio
És como eu viagem que jamais se estanca
No estuário do imenso oceano, és como eu
Talhante desta carne enquanto não putrefaça...
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