Por Filinto Elísio
Ao beijo dado numa rama da infância, beijo dado à tarde
- por ter sido das lembranças, Paraíso expulso, diria. Guardo-o,
amiúde, a ver se ele nos torna o que foi outrora. Não o levarei
pelas apressadas escadas onde me perco. Nem dele farei meu talismã,
sombra, só de água que reflecte, espelho, mas não conta,
e o mundo não basta aqui nos lábios , serás tu a serpentearia,
a dança que se enrosca nesta maça e nela não são músicas os silêncios
com que tu lanças olhos às coisas que se estremecem, lascivos, em mim
só de terem mãos de afagar e língua pelos mamilos, evado-me
mil e uma noites, pernas, braços, sexo, olhos, espasmos, corro
e não olho se percorro o dia, a noite ou a morte. Quem sabe outro,
outrora, flor de macieira, quasar desse perfume, e volátil
nas cores e nos líquidos, no que cede assim e rompe, e transborda,
extravasado beijo – numa rama da infância – e eu, distraído…
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