Emílio Moura
Penso agora nos mortos que não têm nome,
nos vivos que não têm nome;
penso agora naqueles que vieram cedo demais e se cansaram,
e naqueles que chegaram depois que todas as portas já estavam fechadas.
Penso agora na sede do homem desesperado que se deixou ficar no deserto,
penso agora nos que lutaram inutilmente por caminhos que não levam a nada;
nos que se calaram, porque compreenderam,
e nos que disseram todas as palavras
e não foram compreendidos...
Por que foi que, de repente, todas as vidas se somaram
Por que foi que, de repente, todas as vidas se somaram
para me envolverem neste momento?
Meu coração se multiplica: agora,
Meu coração se multiplica: agora,
é apenas meu coração
que está palpitando no mundo.
(Canto da Hora Amarga, BH, 1936)
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