sábado, 2 de maio de 2009

Alas de Mariposa


A Francisco Fragoso e João Branco, personas...


Campo de Concentração do Tarrafal

Naturalmente que não sou apologista de uma celebração inflamável, como se todos tivéssemos pavios curtos, do passado. Entretanto, não poderemos perder a consciência em relação à abominável condição humana em que se vivia no Campo de Concentração do Tarrafal. Nem deveremos permitir a lavagem da memória dessa tragédia, pois nem estaríamos a exorcizar os fantasmas (que elas existem, existem), nem estaríamos a construir um futuro saudável em temos dos Direitos Humanos. A História não se resume à interpretação dos dados documentais, pois estes também não são neutros, nem isentos, como aliás todos os testemunhos. A própria Ciência não poderá ficar imune às nossas abstracções e às nossas condições afectivas, sociais, históricas e culturais. A própria Ciência é produto histórico e, deste modo, a ciência com que olhamos o Campo de Concentração do Tarrafal…
Pathos nacional
Ainda que possa desagradar a gregos e a troianos (e a risco de melindrar cabo-verdianos), reafirmo, ou não serei eu pensador por conta própria, que a sagrada família política ficará mais enriquecida com o afrontamento político entre Carlos Veiga e José Maria Neves, duas pérolas políticas (prevaleçando este itálico) de Cabo Verde. Pelo dito e pelo visto, e só para confirmar o pálido exemplo destas palavras, atente-se ao famoso debate, mediado pelo jornal A Semana, indiciador aliás da "última fronteira"do pathos nacional. Não sendo as únicas soluções dos seus respectivos campos políticos, já que afinal (e ainda bem) o cenário se torna hoje mais complexo, creio gizarmos por esses dois cavalheiros a formatação de novas ideias e de outras vontades conducentes ao mainstrean político que anda a faltar ao País.
Chuva ácida
Não poderei ficar calado, nem deixar de expressar a minha indignação, diante do execrável artigo (encomendado e pago, diga-se de passagem), no Jornal Expresso das Ilhas, que se presta a uma desproporcionada tentativa de "linchamento moral" da minha irmã Benilde Correia e Silva e a de um maquiavélico "abuso psicológico" da sua filha Carine, de apenas 11 anos. A minha irmã, protegendo o bom-nome e a estabilidade emocional da filha, pesando ainda as responsabilidades públicas e sociais que tem, não poderá reagir nos mesmos termos e com as mesmas armas. Ademais, sabendo tudo não passar de um ardiloso plano de fugir aos tribunais e às responsabilidades (penais e civis) de "quem falsamente a acusa" e/ou de um desespero de causa em relação à justica que tarda, mas não falha, creio piamente estarmos aqui perante um demente a magicar "crónicas da morte anunciada". E, como diria o Poeta, as minhas dúvidas mais sombrias pairam no ar como nuvens de lixo tóxico prestes a desabarem sob forma de chuva ácida e corrosiva. Mas Deus tem...
Poësis, naturalmente
Claro que a vida continua, mesmo se os problemas imediatos são os homens-cães e vice-versa, desses que Arménio Viera espanta "não ladrarem". A realidade é esta e não importa chamar de monstros simples moínhos inertes, passe a metáfora quixotesca. Não há como fugir a metaforizar o discurso e chamar bois bravos às vacas loucas. O resto é ir vivendo, em poesia. Ou na Diversa Prosa de Quase Verso, livro que termino por estes dias. Os amigos, os verdadeiros amigos, terão entretanto a distrair com Li Cores & Ad Vinhos, ora no mercado. Prometi, sem arrogância e de coração aberto, dar autógrafos. Os Li Cores vão para os meus pais Hermínia Cardoso Correia e Silva e os Ad Vinhos para os poetas da minha geração José Luis Tavares, Valentinous Velhinho, José Luiz Hopffer Almada, Vasco Martins, Tchalé Figueira e Mário Lúcio Sousa.

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