sexta-feira, 25 de abril de 2008

Todo de seu tudo

Dos versos meus, neste e noutro fala-se da morte.
O resto, do consorte, é todo ele sem cabresto
Transversas, em pinote, pedras e pedras, a teta
E o desferrar, quase proxeneta, do bebé-proveta…

Quando assim instaura o poema ou fonema
Por sorte, no meio da tecedura, tecem e fenecem
A textura e o miolo da palavra, a chula e a gula
Do Poeta, louco e de pouco prumo, filho-da-puta…

Reversos teus, lado outro de mim, enfim à solta
Ajuíza e giza o encontro das sílabas, ora pervertidas,
Ora invertidas, soletrando antídotos do coração…

Como estilete no pulmão, lâmina nesses olhos,
Como veneno, às vezes para o doce, tipo fruta,
Poeta que desfruta, do Paraíso todo de seu tudo…

Filinto Elísio

1 comentário:

Alex disse...

Gostei. Desse outro lado de ti assim à solta.
Gosto desta tua forma dura, e crua, de construires 'este' dizer(-nos) coisas, entre raiva e delírio. Esta forma de despertar em rasgo e frémito, com um "estilete no pulmão" e uma "lâmina nesses olhos". Há dias assim. Que sangram. E nos fazem sangrar pelo aço da pena, como um caracol a afundar-se sobre a lâmina. Ele há dias em que nos apetece ouvir, e sentir, a bofetada agreste, o chicote da lucidez, ao lirismo bufo.
Obrigado pelo poema ... e por esta (minha?) forma de o sentir!

ZCunha