sábado, 23 de outubro de 2010

Quinta poética

Escrituras Editora
e Casa das Rosas convidam para a

QUINTA POÉTICA

com os poetas convidados
Cláudio Willer (SP), Contador Borges (SP), João Melo (Angola) e Flá Perez (Campinas), com apresentação especial de Vivian Guilhem, do grupo de dança cigana Luna Gitana (SP).


Quinta-feira, 28 de outubro de 2010, a partir das 19h (evento gratuito)

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos, Av. Paulista, 37 - São Paulo
Informações: (11) 5904-4499
Quinta poética

Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas consagrados e novos talentos, que têm a oportunidade de apresentar seu trabalho. Intervenções artísticas das mais diferentes expressões, como dança, música, artes plásticas, cultura popular, envolvem a leitura dos poemas. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.

Os poetas:

José Geraldo Neres (curador) nasceu em Garça, SP, em 1966. Poeta, roteirista, dramaturgo (com formação em oficinas e cursos de criação textual) e produtor cultural. Publicou o livro de poesia Olhos de barro, (Coleção Orpheu, Multifoco Editora) que recebeu menção especial na 3a edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura (2010); e Outros Silêncios, Prêmio ProAC da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo 2008, (Escrituras Editora, 2009) realizado através do programa “Bolsa para autores com obra em fase de conclusão” da Fundação Biblioteca Nacional em 2007/2008; e Pássaros de papel (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). É cofundador do Palavreiros. Integrante do Conselho Gestor & Editorial do Ponto de Cultura Laboratório de Poéticas (Programa Cultura Viva, do MinC). Gestor Cultural. Curador da Sala Permanente de Vídeo/Doc. da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008). Jurado da etapa inicial do Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2009). Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura. blog: http://neres-outrossilencios.blogspot.com

Claudio Willer (São Paulo, 1940) é poeta, ensaísta e tradutor. Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Acaba de lançar Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia, ensaio (Civilização Brasileira, 2010); também publicou Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009); Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008), Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM Pocket, nova edição em 2010), Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia – Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Poemas publicados em antologias e periódicos literários, no Brasil e em vários outros países. Presidiu por vários mandatos a UBE, União Brasileira de Escritores. Trabalhou em administração cultural, inclusive como Coordenador da Formação Cultural na Secretaria Municipal de Cultura (1993-2001). Doutor em Letras na USP com Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna (2008), faz pós-doutorado na USP sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia. Coordena oficinas literárias; ministra cursos e palestras sobre poesia e criação literária. Prepara um livro sobre surrealismo e uma coletânea de ensaios sobre misticismo e poesia.

Contador Borges (São Paulo) leciona Filosofia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Como acadêmico, concentra a sua pesquisa na relação entre Erotismo e Literatura. Poeta, ensaísta e dramaturgo, publicou as obras: Angelolatria (1997), O Reino da Pele (2003), Wittgenstein! (2007) e A Morte dos Olhos (2007). Traduziu Aurélia, de Gérard de Nerval, O Nu perdido e outros poemas, de René Char, A Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade, Diálogo entre um padre e um moribundo, do mesmo autor, entre outros livros. Publicou diversos artigos e poemas em jornais e revistas no Brasil e no exterior. É organizador e coordenador da Coleção Pérolas Furiosas da Editora Iluminuras, dedicada às obras do Marquês de Sade.

João Melo nasceu em 1955, em Luanda (Angola), onde vive atualmente. Melo é um dos autores africanos mais estudado nas universidades do Brasil, onde morou de 1984 a 1992 como correspondente de imprensa, É jornalista, escritor, professor universitário e deputado à Assembleia Nacional de Angola. Dirige atualmente a revista África 21. Poeta, contista, cronista e ensaísta, publicou doze livros de poesia, cinco de contos e um de ensaios. Editado habitualmente em Angola, Portugal e Itália, publicou em 2008, no Brasil, o seu livro de contos Filhos da Pátria, pela Editora Record. Tem vários prêmios, entre eles o Prêmio Nacional de Cultura e Artes 2009, na categoria de literatura, pelo conjunto da sua obra. É membro fundador da União de Escritores Angolanos, da qual já foi secretário geral, presidente da Comissão Directiva e presidente do Conselho Fiscal.



Flá Perez (Flávia Perez) nasceu em 1968 no Rio de Janeiro e mora em Campinas, SP. Tem Mestrado em Microbiologia Agrícola pela USP. Publicou o livro Leoa ou Gazela, Todo Dia é Dia Dela. Participou da Antologia do Bar do Escritor em 2009. Teve poemas escolhidos para publicação no Concurso Nacional Cassiano Nunes, promovido pela Biblioteca Central da Universidade de Brasília e no Projeto Pão e Poesia 2009.

Vivian Guilhem (São Paulo) é professora de Dança Cigana e outras modalidades. Coordena o grupo de dança cigana Luna Gitana há mais de 10 anos e ministra cursos de dança e cultura cigana em sua loja Alemdalenda na região de Pinheiros. Além de empresária, apresenta um programa sobre cinema na All TV, pela internet. Maiores informações: www.vivianguilhem.webs.com e www.alemdalenda.com.br

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Exercícios para a fragmentação de uma praça

Tenho por mim que se anda a estragar a praça. A nossa praça que, ao tempo, fazia de ágora, porque, em parelha, a cidade poderia ser polis. Com cidadania e tudo. Arménio Vieira, uma espécie de selo poético nesse entremeio, vaticinara-lhe um poema promonitório – falou até em bomba termonuclear! - e não é que lhe desmontam a esplanada, aí mesmo à beira do correto. Com a bomba do decreto. O pessoal não sabe que temos uma praça temática, relíquia urbanística, pensada para recriar uma cidade. Quadrangular, tendo por eixos a rua do ouro e/ou da banca, a rua da câmara e do povo, a rua da fé e da justiça, e a rua dos sobrados, ela própria lúdica sendo um baralho de cartas: valete, ouro, paus e espadas. Ao centro, o chafariz e a gurita, pela música clamando os cidadãos e pelas água renovando o convívio. Por um triz, éramos civilizados. Passávamos pelo processo civilizatório. Tempo andado, chega cá para isto um que diz: vamos alfaltar o miolo da praça e, por desgraça, desenha-lhe motivos de pano de terra e, como tudo acaba em vernáculo e em exótico, houve até palmas. Adiante, bobinando o tempo, o pessoal da festarola ergue-lhe outro um urinol que é um mastadonte, destoando a estética inicial dos que realmente pensavam a cidade. Demais faz mal e subentendam vocês aqui um grande palavrão mais sublime, de longe mais sublime, que o hino nacional. Agora sim, apetece tirar para fora o coiso e urinar nos cravos. Não deve ser proibido. Pode-se até defecar. Vomitar. Vomite-se quem puder, caramba. Neste besteirol de advogados, se a constituição for omissa, estaremos no reino do permitido…

MARINA SILVA PODE REFORÇAR O PROJETO DO NOVO BRASIL

Leonardo Boff *


É aqui que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra

O Brasil está ainda em construção. Somos inteiros, mas não acabados. Nas bases e nas discussões políticas sempre se suscita a questão: que Brasil finalmente queremos?

É então que surgem os vários projetos políticos elaborados a partir de forças sociais com seus interesses econômicos e ideológicos com os quais pretendem moldar o Brasil.

Agora, no segundo turno das eleições presidenciais, tais projetos repontam com clareza. É importante o cidadão consciente dar-se conta do que está em jogo para além das palavras e promessas e se colocar criticamente a questão: qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as "humilhadas e ofendidas" e consideradas "zeros econômicos" pelo pouco que produzem e consomem.

Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, Presidente do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma virada de magnitude histórica.

Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil, apesar da derrota de suas principais teses na crise econômico-financeira de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. Para facilitar a dominação do capital mundializado, procura-se enfraquecer o Estado, flexibilizar as legislações e privatizar os setores rentáveis dos bens públicos.

O Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso embarcou alegremente neste barco a ponto de no final de seu mandato quase afundar o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluídos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.

Os portadores deste projeto são aqueles partidos ou coligações, encabeçados pelo PSDB que sempre estiveram no poder com seus fartos benesses. Este projeto prolonga a lógica do colonialismo, do neocolonialismo e do globocolonialismo, pois sempre se atém aos ditames dos países centrais.

José Serra, do PSDB, representa esse ideário. Por detrás dele estão o agrobusiness, o latifúndio tecnicamente moderno e ideologicamente retrógrado, parte da burguesia financeira e industrial. É o núcleo central do velho Brasil das elites que precisamos vencer, pois elas sempre procuram abortar a chance de um Brasil moderno com uma democracia inclusiva.

O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora.

Que forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.

Ora, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões, e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres, nunca assistido em nossa história. Representou em termos políticos uma revolução social de cunho popular, pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida, pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.

Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e sangra.

É aqui que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra. Marina em sua campanha lançou esse programa. Seguramente se inclinará para o lado de onde veio, o PT, que ajudou a construir e agora a enriquecer. Cabe ao PT escutar esta voz que vem das ruas e com humildade saber abrir-se ao ambiental. Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.

* Leonardo Boff, é teólogo, filósofo e escritor.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cidade

Não será assim, tão de chofre, sem civilidade, nem genealogia, que se ocupa a cidade dos meus cuidados. Obviamente, Praia, como nenhuma outra, a remoer cá dentro. Complacência dos deuses e seus devotos? Caramba, sou ateu. Mesuras aos reis e seus súbditos? Arre, sou anarquista. Querem-na cosmopolita, uns; sonham-na pacata, outros. Gozá-la, seviciá-la e esventrá-la, todos. Metrópole única (mentalmente metropolizada), diferente, sui generis. Seus terroristas dorminhocos. Seus líderes viciados. Os munícipes desatentos transitam pelo Platô. Raros turistas merdosos. Pacóvios são os proclamados senhores destas achadas! Nero queimaria isto sem pestanejar. Tudo a arder e o crepitar de estrelas nessa bandeirola da tardia república. Crepite e carbonize, pois, a constelação toda. Assim tão de chofre, não…