quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Aguares

Os bulícios, bocados de quietude, são poemas
mesmo quando nem versos, sejam só fonemas,
verbos diversos, acaso das flores, outras cores,
abelhas de medrar mel, aguares e eu nisto tudo...

Filinto Elísio

sábado, 21 de agosto de 2010

Mãe Ilha


Nessa manhã as garças não voaram
E dos confins da luz um deus chamou.
Docemente teus cílios se fecharam
Sobre o olhar onde tudo começou.
A terra uivou. Todas as cores mudaram
O mar emudeceu. O ar parou.
Escuros véus de pranto o sol taparam
De azáleas lívidas a ilha se cercou.
A que pélago o esquife te levava?
Não ao termo. A não chorar os mortos.
Teu sumo espiritual florido ensina.
E se o mundo em ti principiava,
No teu mistério entre astros absortos,
Suavemente, ó mãe, tudo termina.


 Natália Correia

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Girassol

Girassol
Rasga a tua indecisão
E liberta-te.

Vem colar
O teu destino
Ao suspiro
Deste hirto jasmim
Que foge ao vento
Como
Pensamento perdido.

Aderido
Aos teus flancos
Singram navios.

Navios sem mares
Sem rumos
De velas rotas.

Amanheceu!

Orça o teu leme
E entra em mim
Antes que o Sol
Te desoriente

Girassol!
 
Corsino Fortes

domingo, 1 de agosto de 2010

Ventana sobre el cuerpo

La Iglesia dice: El cuerpo es una culpa.
La ciencia dice: El cuerpo es una máquina.
La publicidad dice: El cuerpo es un negocio.
El cuerpo dice: Yo soy una fiesta.

Eduardo Galeano