terça-feira, 24 de outubro de 2006

Retalhos nesta Fortaleza chuvosa




Quixote


(Sancho Pança e seus semelhantes são assim mesmo. Tanto os da esquerda quanto os da direita. Proliferam, dão explicações, razões, motivos. Fazem conferências de imprensa. Seminários, comunicados, entrevistas e não dizem nada)

Releio Dom Quixote de la Mancha, livro obrigatório. Todo o aspirante a belas letras deveria ler esta obra de Cervantes. De cada vez que a leio, fico pensativo, navegante. Da primeira vez, foi um frisson daqueles. Não fazia a menor ideia de quem era, mas a sua voz me admoestava os sentidos. Cá do meu lado, continuo quieto e navegante. Vou para onde os levam os meus passos. Se o real já não surte efeito, por que não deitar a mão à fantasia? O que ficará da Dulcineia são os seus assomos de dama. Alonjo Quijano de triste figura

No Olimpo da Cise

Embora alguns guardiães da verdade musical façam deus-nos-acuda ao mínimo da crítica, vou dizer estas palavrinhas sobre Isa Pereira. Não apenas porque o Blog So Pa Fla, que prezo e respeito, tenha feito loas e referências ao espectáculo Na musika, nos kultura, mas por eu ter sido quem a convidou pela primeira vez a subir ao palco. Isa Pereira entra, sem favor nenhum, no circuito das deusas crioulas – Mayra Andrade, Sara Tavares, Lura, Maria Barros e Teté Alhinho, entre outras inquilinas do Olimpo da Cise – e fá-lo com luz própria.

Urubu pintado de verde

Vejo o texto do meu amigo e fico emocionado com a sua crença. O gajo lembra-me os comícios de 75. Eu já não consigo acreditar nas manhãs que cantam, porque em verdade elas nunca cantaram. Vem, irmão, deixo-te com uma frase de Mário Quintana: "a esperança é um urubu pintado de verde". Por estas e por outras, o meu cronista cabo-verdiano é Amadeu Oliveira e o meu gado de estimação continua a ser caprino. Mau grado Freud…

Da janela, as eleições

As eleições excitam-me. As músicas, as bandeiras, as movimentações, a festa. Os debates e as sondagens, aqui permitidas. Bem como as bocas de urna. À americana, com jovens em cada esquina. Acompanho tudo da janela, equidistante como manda a lei dos estrangeiros, mas de coração arfante e nunca neutro. Corro os olhos pelos jornais e um cronista brasileiro escreve: "Nesta altura, Alckmin só vencerá as eleições se Lula for flagrado na cama com uma mulher morta ou um homem vivo. Se a mulher estiver viva ou o homem morto, dá-se uma explicação qualquer e ele se reelege." As eleições excitam-me…

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