terça-feira, 26 de outubro de 2004

ILDO LOBO - só a morte é lonjura pura

Jovem herança de luz. Quando, no fundo
poço, a manhã antiguidade úmbria.
Profundo— esse aroma de fuligem, seu amoroso surdir.
Então, mundo é esse enigmático nome a vir,
exaurindo a incomovível placidez dos serrados.
Por si move; qual se deus, brisa ou sina.
Gravidade súbita amorenando a tez hialina,
pela hora em que pelos roucos valados
solidão é essa névoa tão sem peso, sua
lembrada altura sublinha que toda
a vida é ida; ou só ondeação da usura
por esse escalavrado trilho, rio que estua
neste estremunhado grito quase toada,
relembrando que só a morte é lonjura pura.

José Luís Tavares
20 de Outubro de 2004

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