sábado, 2 de setembro de 2006

Príncipe das nuvens

Há dias que caminham silenciosos
Como se rastejassem à soleira
Das nossas almas esquecidas
E olhassem de soslaio a solidão
Também nossa…

Há dias insidiosos, à flauta
Em que o mago engana a serpente
E este, de puro fogo, crepita
À Eva e sua profanada maçã
- ó libidinosas…

Dias há que nos adentram o lar
Pela fresta das janelas e do pensamento
E ficam quietos, como lamentos,
De murmúrios tão-somente
E em desenlace…

É quando a poesia soletra
Na vertigem deste lugar
- chamemo-lo poisio ou viagem –
Onde se refugia o Albatroz,
Príncipe das nuvens…

Filinto Elísio

1 comentário:

Kamia disse...

Belo. E curioso, eu levo tempo a decorar um poema mas lembro-me deste. De onde?