Creiam, meus amigos, que o meu voto é pensado, ponderado e gizado. Com alguma parcimónia. Não será jamais um voto derramado no calor da emoção, nem aquele embriagado pelo carnaval da política. Fosse isto apenas para «animar a malta», acreditem que não faria este post. Procuro, no meu profundo dilema de Poeta, eleger um projecto que mais se aproxima ao Cabo Verde dos meus sonhos. Não me permitiria ao Cabo Verde dos meus pesadelos. Como diria Caetano Veloso: «Respeito muito minhas lágrimas». Um caso apenas: há dias, assisti, com profunda indignação, a grosseira ingerência do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa em tempo de antena de responsabilidade partidária a dizer aos Cabo-verdianos em quem votar. Fiquei chocado e enojado. Um festival de desamor à soberania de Cabo Verde e de falta de decoro para com os Cabo-verdianos. Por conseguinte, o meu voto é coerente e consequente. Quero mais Cultura, mais Desenvolvimento Sustentável, mais Estado Social e Mais Nação Global Cabo-verdiana. Mais SOBERANIA. Mais Cabo Verde. Votarei em José Maria Neves, no dia 6 de Fevereiro!
albatrozberdiano
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Soneto 57
Sendo teu escravo, o que fazer senão atender
Às horas e aos chamados de teu desejo?
Não tenho tempo algum para mim,
Nem serviços a fazer, até que me peças.
Nem ouso repreender a hora do mundo sem fim,
Enquanto eu, minha soberana, sigo tuas horas,
Nem penso que a solidão da ausência seja amarga,
Após dispensar teu servo de teu serviço;
Nem ouso questionar com meus ciúmes
Onde andarás, ou imaginar o que fazes,
Mas, como um triste escravo, sento-me e não penso,
Salvo, onde estás e quão feliz fazes a todos:
Então, que tolo é o amor, que, sob teu jugo
(Embora nada faças), nenhum mal o assombre.
William Shakespeare
Às horas e aos chamados de teu desejo?
Não tenho tempo algum para mim,
Nem serviços a fazer, até que me peças.
Nem ouso repreender a hora do mundo sem fim,
Enquanto eu, minha soberana, sigo tuas horas,
Nem penso que a solidão da ausência seja amarga,
Após dispensar teu servo de teu serviço;
Nem ouso questionar com meus ciúmes
Onde andarás, ou imaginar o que fazes,
Mas, como um triste escravo, sento-me e não penso,
Salvo, onde estás e quão feliz fazes a todos:
Então, que tolo é o amor, que, sob teu jugo
(Embora nada faças), nenhum mal o assombre.
William Shakespeare
domingo, 21 de novembro de 2010
Salmo 136
Nem por abandonadas se calavam
As harpas dos salgueiros penduradas.
Se os dedos dos hebreus as não tocavam,
O vento de Sião, nas cordas tensas,
A música da memória repetia.
Mas nesta Babilónia em que vivemos,
Na lembrança Sião e no futuro,
Até o vento calou a melodia.
Tão rasos consentimos nos pusessem,
Mais do que os corpos, as almas e as vontades,
Que nem sentimos já o ferro duro,
Se do que fomos deixarem as vaidades.
As harpas dos salgueiros penduradas.
Se os dedos dos hebreus as não tocavam,
O vento de Sião, nas cordas tensas,
A música da memória repetia.
Mas nesta Babilónia em que vivemos,
Na lembrança Sião e no futuro,
Até o vento calou a melodia.
Tão rasos consentimos nos pusessem,
Mais do que os corpos, as almas e as vontades,
Que nem sentimos já o ferro duro,
Se do que fomos deixarem as vaidades.
Têm os povos as músicas que merecem.
domingo, 14 de novembro de 2010
José & Pilar
Ficámos na primeira fila para o documentário "José e Pilar". Ele era o Nobel e ela o pilar. A Pilar del Rio. Ambos em tela, música magistral, a morte simplificando em seu lento mas certeiro relógio o que se pontifica vida. Depois saímos de mãos dadas para uma pizzaria do meio do caminho e pudemos estar à luz de uma vela vermelha. Estranha sensação - a mesma sentida em Paris, no Les Deux Magotts, sabe-se lá pelas razões que a Razão não explica. Lindo documentário, dizia-te.
O filme, a um tempo, conota à ficção e denota ao factual. As biografias têm essa ambivalência de subverter o que aparenta. Uma ilha de Lanzarote, ventosa e lunar, com o enorme vulcão para subir e a vida em alteridade com a morte. Miguel Gonçalves Mendes conseguiu captar a essência: amor, antes e depois de tudo. A humanidade do amor. Às vezes, sob o disfarce do ateísmo e do olhar materialista (e dialéctico) da vida; outras vezes, rendido ao altar dos cânticos e à fé nas coisas que não se explicam.
Por mistério (ou por falta dele) o Rei D. João III, de Portugal, presenteia o Arqueduque Maximiliano, da Áustria com um elefante. Enquanto a "Viagem do Elefante" se escreve e se corporiza em livro, o documentário desfia a história de Saramago em seus últimos anos de vida e a força de Pilar, que amando o homem, nos permite o José que havia em Saramago. O Nobel...
sábado, 13 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Poema Começado no Fim
Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
Adélia Prado
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
Adélia Prado
sábado, 23 de outubro de 2010
Quinta poética
Escrituras Editora
e Casa das Rosas convidam para a
QUINTA POÉTICA
com os poetas convidados
Cláudio Willer (SP), Contador Borges (SP), João Melo (Angola) e Flá Perez (Campinas), com apresentação especial de Vivian Guilhem, do grupo de dança cigana Luna Gitana (SP).
Quinta-feira, 28 de outubro de 2010, a partir das 19h (evento gratuito)
Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos, Av. Paulista, 37 - São Paulo
Informações: (11) 5904-4499
Quinta poética
Mensalmente, a Casa das Rosas abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia, com a presença de poetas consagrados e novos talentos, que têm a oportunidade de apresentar seu trabalho. Intervenções artísticas das mais diferentes expressões, como dança, música, artes plásticas, cultura popular, envolvem a leitura dos poemas. Grandes nomes da poesia, como Álvaro Alves de Faria, Beth Brait Alvim, Carlos Felipe Moisés, Celso de Alencar, Contador Borges, Eunice Arruda, Floriano Martins, Hamilton Faria, Helena Armond, José Geraldo Neres, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, entre outros, já estiveram presentes nesses encontros, que são promovidos pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas.
Os poetas:
José Geraldo Neres (curador) nasceu em Garça, SP, em 1966. Poeta, roteirista, dramaturgo (com formação em oficinas e cursos de criação textual) e produtor cultural. Publicou o livro de poesia Olhos de barro, (Coleção Orpheu, Multifoco Editora) que recebeu menção especial na 3a edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura (2010); e Outros Silêncios, Prêmio ProAC da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo 2008, (Escrituras Editora, 2009) realizado através do programa “Bolsa para autores com obra em fase de conclusão” da Fundação Biblioteca Nacional em 2007/2008; e Pássaros de papel (Dulcinéia Catadora, edição artesanal, SP, 2007). É cofundador do Palavreiros. Integrante do Conselho Gestor & Editorial do Ponto de Cultura Laboratório de Poéticas (Programa Cultura Viva, do MinC). Gestor Cultural. Curador da Sala Permanente de Vídeo/Doc. da 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará (2008). Jurado da etapa inicial do Prêmio Portugal Telecom de Literatura (2009). Ministra oficinas literárias, com ênfase em criação literária e estímulo à leitura. blog: http://neres-outrossilencios.blogspot.com
Claudio Willer (São Paulo, 1940) é poeta, ensaísta e tradutor. Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Acaba de lançar Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia, ensaio (Civilização Brasileira, 2010); também publicou Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009); Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008), Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM Pocket, nova edição em 2010), Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia – Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Poemas publicados em antologias e periódicos literários, no Brasil e em vários outros países. Presidiu por vários mandatos a UBE, União Brasileira de Escritores. Trabalhou em administração cultural, inclusive como Coordenador da Formação Cultural na Secretaria Municipal de Cultura (1993-2001). Doutor em Letras na USP com Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna (2008), faz pós-doutorado na USP sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia. Coordena oficinas literárias; ministra cursos e palestras sobre poesia e criação literária. Prepara um livro sobre surrealismo e uma coletânea de ensaios sobre misticismo e poesia.
Contador Borges (São Paulo) leciona Filosofia na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Como acadêmico, concentra a sua pesquisa na relação entre Erotismo e Literatura. Poeta, ensaísta e dramaturgo, publicou as obras: Angelolatria (1997), O Reino da Pele (2003), Wittgenstein! (2007) e A Morte dos Olhos (2007). Traduziu Aurélia, de Gérard de Nerval, O Nu perdido e outros poemas, de René Char, A Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade, Diálogo entre um padre e um moribundo, do mesmo autor, entre outros livros. Publicou diversos artigos e poemas em jornais e revistas no Brasil e no exterior. É organizador e coordenador da Coleção Pérolas Furiosas da Editora Iluminuras, dedicada às obras do Marquês de Sade.
João Melo nasceu em 1955, em Luanda (Angola), onde vive atualmente. Melo é um dos autores africanos mais estudado nas universidades do Brasil, onde morou de 1984 a 1992 como correspondente de imprensa, É jornalista, escritor, professor universitário e deputado à Assembleia Nacional de Angola. Dirige atualmente a revista África 21. Poeta, contista, cronista e ensaísta, publicou doze livros de poesia, cinco de contos e um de ensaios. Editado habitualmente em Angola, Portugal e Itália, publicou em 2008, no Brasil, o seu livro de contos Filhos da Pátria, pela Editora Record. Tem vários prêmios, entre eles o Prêmio Nacional de Cultura e Artes 2009, na categoria de literatura, pelo conjunto da sua obra. É membro fundador da União de Escritores Angolanos, da qual já foi secretário geral, presidente da Comissão Directiva e presidente do Conselho Fiscal.
Flá Perez (Flávia Perez) nasceu em 1968 no Rio de Janeiro e mora em Campinas, SP. Tem Mestrado em Microbiologia Agrícola pela USP. Publicou o livro Leoa ou Gazela, Todo Dia é Dia Dela. Participou da Antologia do Bar do Escritor em 2009. Teve poemas escolhidos para publicação no Concurso Nacional Cassiano Nunes, promovido pela Biblioteca Central da Universidade de Brasília e no Projeto Pão e Poesia 2009.
Vivian Guilhem (São Paulo) é professora de Dança Cigana e outras modalidades. Coordena o grupo de dança cigana Luna Gitana há mais de 10 anos e ministra cursos de dança e cultura cigana em sua loja Alemdalenda na região de Pinheiros. Além de empresária, apresenta um programa sobre cinema na All TV, pela internet. Maiores informações: www.vivianguilhem.webs.com e www.alemdalenda.com.br
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