sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

BIG BROTHER

Mote



A brincar com o Pablo aprendi que as brincadeiras têm peso e ocupam espaço…na alma. É uma experiência bonita e enriquecedora, garanto-vos. Por isso, digo-vos a Constituição, assim como está, às vezes, é um transtorno bipolar. Leiam, como eu li, ““O doce veneno do escorpião”, de Bruna Surfistinha, que, sem medo de mostrar a cara, nos conta do “real life”. Não serei eu o primeiro, nem o último, a misturar alhos com bugalhos. O fenómeno BIG BROTHER instalou-se entre nós. Dias-há….





Inquietações



Não consegui atinar a razão por que dois avaros cronistas desta praça inquinaram o bate-boca das eleições – aqui, de celebrações, e, acolá, de impugnações – na séria, seríssima, questão do Holocausto. O que uma coisa teria a ver com outra? A par do inquinado, e falando agora também a sério, concordo que o Holocausto, extermínio de milhões de judeus e outros grupos indesejados pelos nazistas (comunistas, homossexuais, ciganos, eslavos, sindicalistas, católicos, Testemunhas de Jeová, e pacientes psiquiátricos), seja para sempre lembrado como o ápice da selvajaria e da intolerância humanas nesta era contemporânea. Ocasião para recordar ainda as bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasáki. Ou recuar um pouco mais no tempo e repensar a Escravatura, cuja rota da memória a UNESCO pretende erigir. Já agora, e porque estou na Cidade Velha – ou Cidade de Santiago, rebaptizado –, diante do grande oceano que nos leva para o mundo, lembro-vos da frase de Koichiro Matssura: “Símbolo da negação dos direitos humanos, o tráfico negreiro e a escravatura devem ser recordados pela consciência humana. Pela exploração e a violência extrema que as caracterizaram, pelos discursos monstruosos que os justificaram, e pelas interacções paradoxais que engendraram, esta tragédia continua no centro das questões mais quentes do mundo de hoje”. Inquinemos, pois, o debate para estas questões da nossa (des) Humanidade…



Cabo Verde mais ao largo



Cabo Verde é isto: “Para António C., a caminho da América, com um forte abraço da sua esposa e filhos, até um dia se Deus quiser”. Além de simples e corriqueiras “mantenhas pela rádio”, Cabo Verde é a extraterritorialidade onde radicam as suas comunidades espalhadas pelo mundo. São os cabo-verdianos que se posicionam em rede para fazerem do arquipélago um espaço matriz e matricial da cabo-verdianidade. É isto na cultura, na língua, economia. É isto nas eleições. Os argumentos que dividem os cabo-verdianos dentro e fora do país são falaciosos e fascistas. O povo das ilhas nem sempre está nas ilhas e, quando isso acontece, ele não perde a sua identidade, nem os seus direitos cívicos. A grandeza de Cabo Verde está nesta nação que extravasa o Estado e se prolonga por “ilhas mais ao largo”. Saudemos, pois, a Nação Global Cabo-verdiana e deixemo-nos de “mofineza”…





Super a superar a nossa paciência



Irreconciliável, fiquei como toda a gente a aguardar a decisão do Supremo. A cada dia, é o dia…e nada. O país todo, em stand by, à espera de uma decisão e os senhores doutores demoram assim tanto tempo! Não percebo nada de juízo, nem de assaz procedimento. É possível que seja normal essa câmara lenta, lesiva da nossa santa paciência. Alguém me confidencia que o anacronismo está no 5º Juiz. O episódio onde entra o bonitão, ainda por cima de prazo vencido, virou hilário nacional. Gostávamos muito de rir, lá isso é verdade. Mas demais faz mal…



Racismo



Outro dia, os avaros falaram também do racismo. Sim, o racismo. E ninguém venha dizer que tal seja afago doutra freguesia. O racismo é global, globalizou-se. E assentou raias entre nós também. Muito do nosso bairrismo não passa de racismo contido. Normal seria que as localidades competissem. Que cada um, no seu rincão, vestisse dele também a camisola. Isso, sem perda de perspectiva nacional, nem esquecimento do nosso destino colectivo, obviamente. O que é absolutamente intolerável e dispensável passou a ser a ideia da supremacia, do lobby bloqueador e do regionalismo autocolonial. E sobre isso, de nada adianta a defesa do avestruz, fingir que o dito acaba por toque de mágica ou por uma fuga em frente. O racismo, sim. Já que os avaros trouxeram a deixa, vamos colocar o dedo na ferida. Noutra pauta, falar-vos-ia de Etelvina, nome inventado naturalmente, como uma pérola. Raceada, branco e negro, nasceu escurinha e de olhos verdes. E o drama de tal cruzamento é problema do BIG BROTHER. Etelvina quer, e merece, ser feliz…

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Um oásis no recôndito

Mote

Creio ter sido Fernando Pessoa, o grande, melhor dito, o profundo, a escrever que “Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma”. Ó, leitor, a minha mãe faz anos e eu agradeço a Deus pela mãe que tenho. Queria, em súplica pública, que ela soubesse (para a eternidade) que sou o eterno devedor. Fosse eu o autor do soneto de Januário Leite, estaria um pouco mais tranquilo. Tivesse eu pintado “Pietà”, loiça do tipo, seria outra loisa. Mas nada de frustrações, pois cada um dá o que pode e a mais não é obrigado. E a minha mãe sabe que há um oásis no recôndito da minha alma…


Saravá, shallon e olá como vamos

Acompanhei, primeiro, com hilariante leitura, e, depois, com alguma preocupação, o semitismo e o anti-semitismo dos articulistas Florenço Varela e José Tomaz Veiga. A questão judaica, que é séria e importante, merecia ser discutida com outra serenidade e nunca no calor de eleições, por uns, ganhas, e, por outros, perdidas. Não há inferioridade, nem superioridade, pela origem judaica. Seria falacioso querer que houvesse. Falacioso e irritante, já agora. Oportuno seria debater a cidadania cabo-verdiana e a origem antropológica do cabo-verdiano. O código genético é importante. Mas não é no inato apenas, mas sobretudo no adquirido, que reside a virtude. Pelas quatro costelas, descobri numa delas a minha origem judaica. As minhas origens cristãs-novas, como diria Manuel Delgado, o mais acutilante jornalista cabo-verdiano. Mas pelas minhas contas, entram na minha composição genética os fulas, os mandingas, os indianos e os portugueses. Algo me diz que somos fortes e “ricos” por esta mestiçagem. O mundo que o cabo-verdiano criou, com perdão a Gilberto Freyre, tem origem em muitos outros povos e em mais diversas culturas. E temos de estar orgulhosos destas origens (de todas as origens, note-se). Sem xenofobias, nem afirmações…bestas!


Caia na gandaia

Ó, leitor, basta de política. De contar e recontar votos. Isaura Gomes, quando acerta, pede basta à psicose da fraude. Vamos cair na gandaia, pois a ala dos malucos (e dos artistas) já sai pelas ruas. Estamos no Carnaval. Além de grande evento cultural e grande negócio turístico, o Entrudo tornou-se numa profunda terapia psicossocial. Carregados que estamos todos de duas eleições, com a sua boa dose de guerra de nervos, o Carnaval vem em boa hora. Há que desanuviar, festejar, rir, soltar a franga. Uma festa estival, tomada de máscara e folia, na qual o fugaz sobrepõe ao eterno. “O Carnaval está aí, vamos vadiar…para a polícia não pegar!”. Sobretudo, o nosso auto policiamento que, vezes sem conta, nos leva à patrulha e ao fascismo existencial. Ame-se quem puder…

Griposa preocupante

Enquanto a gripe aviaria se globaliza e, como um cancro, ela se aproxima, os homens perdem o tino e o siso em guerras fratricidas. Parece que vivemos tempos difíceis em termos de uma consciência colectiva em prol da paz. Os recursos gastos para a destruição são de longe mais avultados do que aqueles dispendidos para pesquisas e aplicações médicas. Sofisticam-se mais as prisões do que as escolas. Armam-se exércitos e desarmam-se hospitais. Um pouco por todo o mundo. Apetece-se sair à rua, de cartaz em punho, e manifestar-me contra este grande absurdo. Estaria sozinho? Naturalmente, num país onde as pessoas não conseguem fazer entrar nos eixos a Electra, é normal que ninguém se manifeste contra o aquecimento global. Eu vi a frieza com que a comunicação social tratou o facto do Presidente Pedro Pires ter restituído ao mar uma tartaruga cabeçuda. Frieza tão franciscana quão ignorante. Pois, estaria sozinho, pedreiro livre que sou, sem lenço nem documento, ciente da minha cidadania. Aliás, prefiro uma boa solidão a uma má companhia. Por isso – montanha! -, queria estar bem lá no alto…

A NATO por estes dias

Defendemos que Cabo Verde terá de ser um país útil para a comunidade internacional. E utilíssimo na promoção da paz e da estabilidade, sobretudo regional, diga-se. Destrinçando sempre a geopolítica da paz da geopolítica da hegemonia e do terror (sob qualquer forma e conteúdo), há que ponderar, entretanto, o papel do nosso país na presente conjuntura internacional. Os exercícios militares da NATO devem ser assim analisados pela opinião pública. Não os detalhes militares em si, mas os contornos políticos e diplomáticos da sua autorização e da sua concessão. Os cabo-verdianos querem saber em que condições eles se realizam e quais as suas vantagens (e as desvantagens). A que lucro (e a que custo) temos a NATO por estes dias. Será pedir demais? Nada disso. Uma exigência democrática tão somente…


Nota: Discorde, fale mal, fale bem, concorde, esperneie. O leitor pode sim opinar sobre as minhas crónicas. Recebo críticas pelo email: filinto1992@yahoo.com.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Liiiiiiiiiiiiiindo

Dia Lindo

Esta é a crónica do Dia Lindo. Liiiiiiiiiiiiiindo, ó pessoal. Antevimo-lo do alto da montanha, em Santo Antão. E tudo isto transcende a política. É uma coisa épica. Romântica até mais não. Tomada de beijos e abraços. Risos e lágrimas. De gente bonita, no seu interior emocionado. Este é o Dia Lindo. Definitivamente este não poderá ser o tempo vigiado. Liiiiiiiiiiiiiindo, ó juventude…


Daquela aventurança

Em criança, fui um mau perdedor. E sofri muito com isso. Chorava e agredia toda a vez que tivesse de declarar a falência no jogo do monopólio. Se a minha equipa perdesse, era um Deus nos acuda. E se não conseguisse um lugar à mesa ao lado da dona Mindoca, a comida sabia-me amarga. Aos poucos, fui aprendendo (e ainda bem) que a tolerância era a melhor aventurança da vida. Perder ou ganhar fazem parte do mesmo processo. E ambos devem ser tomados com calma, serenidade e responsabilidade. Já adulto, perdi eleições, empregos, mulheres, amigos, inimigos e, felizmente, ganhei eleições, empregos, mulheres, amigos, inimigos…não confundindo nunca nuvem com Juno. Ao vencedor, impede a fineza da humildade. E ao perdedor, recai a responsabilidade da felicitação. Isto, dito assim, não tem graça alguma. Era preciso viver as luas todas de uma campanha (imprópria para cardíacos, diga-se) para se ter a ideia desta crónica. É uma questão que tem a ver com Freud e não com a fraude. Trata-se de um indício muito perigoso a que devíamos estar mais atentos. E isso lembra-me aquela do jogo da bisca em que o perdedor quis impugnar os resultados de um capote. Se a moda pega e faz doutrina!

A viagem até 2011

Estas presidenciais devem ser analisadas por múltiplos ângulos. E as ilações também podem ser múltiplas. Serão escritas páginas e páginas sobre a vitória do Comandante Pedro Pires. Analistas e politólogos, gente com mais ciência (e mais frieza) de perspectiva. Eu apenas direi da minha justiça. Ora bem, os cabo-verdianos votaram maioritariamente no Comandante Pedro Pires porque entenderam que este dá mais garantias para liderar o Estado de Cabo Verde nesta transição ao País de Desenvolvimento Médio. Mais garantias, entendem? Decisivamente, o contra-ciclo político só será em 2011.

Com Cabo Verde no Coração

Agora é tempo da inovação na continuidade. A navegação entendeu o que estava em causa e deu o seu veredicto certo, certíssimo. Desta feita, o eleitor não se fez rogado: concedeu boa margem de legitimidade ao presidente. E, em democracia, a vontade do cidadão é soberana. O que se espera de um presidente que fará o “time-frame” 2006-2011? Doravante, a presidência deverá ser exercida com maior protagonismo e acutilância. Embora o presidente da República não tenha a governação como encargo, a sua eleição é muito importante, pois trata-se do mais alto representante da Nação. Tão importante que o novo presidente eleito poderá exercer uma magistratura mais influente no combate à pobreza, na erradicação do tráfico de droga, no alargamento da inclusão cultural, nas parcerias estratégicas e nas novas âncoras internacionais, no retoque constitucional necessário e, sobretudo, no aprofundamento da nossa cidadania. Liiiiiiiiiiiiiindo…

O TELL ME THE TRUTH ABOUT LOVE

W. H. AUDEN



NHOS FLA-M VERDADI ASÉRKA DI AMOR

TRADUSON: J.L. TAVARES



Ten kenha ki ta fla ma amor é un rapazinhu

Y kenha ki ta fla ma el é un pasu;

Es ta fla ma e ta faze mundu jira el sozinhu,

Ten kenha ki ta fla ma é un éru krasu:

Mas kantu N tenta sabe atraves di vizinhu

Ki ta parseba ma kel li staba na si alkansu,

Si mudjer fika aburisidu

Y e fla ma éra proibidu.



Será ke ta parse ku un pijama

Ó pruzuntu na kabu kura dor,

Será ki si txéru ta lenbra un lama

Ó e ten purfumu di un flor?

Será ke áspri sima arami farapadu

Ó suavi sima un masiu kubertor,

Será ke ta korta ó é lizu na ladu?

Nhos konta-m verdadi asérka di amor.



Livrus di stória ta papia d´el

Dun manera ki kuazi ka ta ntendedu,

Y ta papiadu txeu d´el

Na kes grandi naviu ki ta trabesa mar sen medu;

Dja N odja es asuntu tratadu

Na rilatóriu asérka di algen ki mata kabésa,

Dja N odja-l té rabiskadu

Na gia di konboiu viradu dipalbesa.



E ta uba sima un lobu fomiadu

Ó e ta rapika sima marxa fanfara,

Será ki si son é midjor imitadu

Nun seroti ó na pianu Xiku Séra?

Será ke gosta so di stilu bédju

Ó na fésta é pruvokador

E ta kala so N da-l ku duedju?

Nhos konta-m verdadi asérka di amor.



N buska-l na kaza di veron

Mas N ka atxa-l nen sen kamiza

Na kel ar di brighton ki ta intxi pulmon

Nen la maidenhead, la na tamiza,

N ka ta ntende vos di rozera

Melru N ka konxe si kanson

Mas e ka staba dentu kapuera

Nen baxu di kolxon.



E méstri na faze bioku sen midida,

E ta bira tontu na karosel,

Ó e ta pasa ténpu na korida

Ta brinka ku fiu di kordel,

E ten ideias asérka di dinheru

E ta atxa ma pátria debe kantadu lovor,

Ó e gosta di ri di stórias brajeru?

Nhos konta-m verdadi asérka di amor.





Es fla-m ma ta fika sénpri lenbransa

Di kes sintimentu ke ta inspira,

N sta buska-l desdi kriansa

Y nunka N ka panha-l na mira

Trinti-sinku anu di tamanhu

Y N kontinua sen konxe

Es kriatura stranhu

Ki tudu algen e ta da koxi.





Y óra ke ta ben, e ta ben sen aviza

Inkuantu N ta linpa naris

Ó N ta odja-l sédu antis di txon N piza

Ó e ta masa-m na otokaru di karis?

E ta ben sima ténpu ta muda

Ku mansidon turtura ó kusa pior,

Nha bida futuru e ta muda?

Nhos konta-m verdadi asérka di amor.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Montanha

Montanha

Não direi outra coisa deste momento. Os nossos olhares dizem quase tudo e faz algum frio nesta montanha. Devíamos ter trazido uma malha mais pesada. Os abraços e os afagos não aquecem as sobras do mundo. Desgovernados que somos, é neste preciso lugar que a vida nos faria sentido. As honras, os livros, os compromissos – menos os filhos e a música – podem ser deixados na saudade. E se o sol nos saísse redondo e amarelo? E se tudo parasse para sentir a terra a girar? Distante da pequena política…

O segundo erro de Agostinho

Recentemente, dando um triste espectáculo de mau perdedor, sai-nos um Agostinho, pior do que nunca, a propalar fraude ao vento. Foi um erro grave, gravíssimo. Sobretudo, porque não fez jus, nem honrou o ónus da prova. Quem acusa, tem que provar. Senão corre o risco de perder credibilidade. Ou, então, incorre ao crime da calúnia, com consequências penais e civis. Quem atira a primeira pedra, reza o bíblico preceito, terá de estar imune ao pecado. Ou, bem no popular já que estamos em campanha, terá de se cuidar do telhado de vidro. Vociferando, gesticulando e gritando, o gajo abriu as torneiras do esgoto e as residuais alagaram o seu próprio partido. Foi o seu segundo, e grave, erro. Tenho falado com amigos próximos, alguns militantes e outros dirigentes, do MpD. Estão todos incrédulos (e angustiados, diga-se) com a “feito” do seu presidente. Como sei separar o trigo do joio, e reconheço as virtualidades desse partido no equilíbrio do sistema político, digo isto aos meus amigos: tirem-no dali. Troquem-no por outro mais interessante. Aquilo deve voltar ao lugar de onde deveria ter permanecido – a militância na base!

Combate pela História

Mas basta, Pranchinha, onde quer que estejas! É já no domingo que a coisa se resolve. Entrámos na recta final de uma campanha. E já não temos tempo, nem paciência, para cansaços. Às tantas, a adrenalina toma conta de nós e move-nos o gosto pelo embate. Outras vezes, temos a tentação de exacerbar, sair da coordenação e responder às coisas. Mas não, terá de ser tudo ponderado, conforme os cânones. A campanha eleitoral é uma estilização, civilizada, da guerra. Um confronto feito de cartazes, bandeiras, pulseiras, tempos de antena, comícios, porta-a-porta, boca-a-boca, negociações, enfim, tudo a que se tem direito para levar a água ao moinho. A par de tudo isso, não estamos num jogo das circunstâncias. Para nós, este combate é estrutural. É um combate pela História…

Ao peitoril de uma casa

No alto da serra, avistamos São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau e os ilhéus Rombo e Raso. O aroma a rosmaninho, eivado a perfume dos pinheiros, leva-nos distantes no pensamento, com os fiapos de nuvem. De repente, invade-nos um sol redondo e amarelo. E rimo-nos. Não vá o adversário reclamar por um sol azulado, pois a natureza não se afina pelas leis eleitorais. Nem se confina a esse Carnaval da política. Vamos ao peitoril de uma casa, onde o queijo fresco é divino e o grogue é mesmo de Santo Antão. Um cúmulo de nuvem faz trilho ao telhado dessa casa. De uma porta, ladeada de duas janelas, sobra à soleira uma criança tão linda, tão linda, que Deus existe.